sexta-feira, janeiro 26, 2007

Referendo:


Tenho lido, ouvido e recebido na redacção alguns comentários e opiniões sobre o próximo referendo ao aborto (para além da propaganda que se vê por todo o lado), que me motivam a esclarecer o que está ou não está em causa no dia 11 de Fevereiro.

1. Quem responder SIM à pergunta feita no referendo está a dizer que concorda que toda e qualquer mulher, pobre ou rica, com muitos, poucos ou nenhuns filhos, saudável ou doente, pode exigir que lhe façam um aborto num estabelecimento de saúde, público ou privado, legalmente aprovado, desde que a gravidez não ultrapasse as dez semanas. Trata-se, pois, de aprovar uma liberalização sem qualquer limite. Nem o pai da criança em gestação se pode opor.

2. Esta liberdade que se quer dar às mulheres de abortar não é justificada sequer por casos "razoáveis": violação, malformação do feto ou perigo de vida da mãe, pois estas causas já estão previstas na lei e assim vão continuar.

3. Os defensores do SIM alegam que a presente lei empurra as mulheres para os tribunais e a prisão. Os cartazes “PARA ACABAR COM A HUMILHAÇÃO” OU "ABSTENÇÃO PARA MANTER A PRISÃO - O SIM RESPONSÁVEL" asseguram que a eventual vitória do Sim terminará com a ida a tribunal e a vexação das mulheres que optam pelo aborto. Mas esta mensagem não é verdadeira. A proposta de alteração em referendo continua a prever a criminalização das que provoquem o aborto após as dez semanas de gestação. Por isso continuarão a ser levadas mulheres a tribunal e homens de óculos escuros tornarão a usar casacos para lhes garantir o anonimato.

4. Mais! Não há mulheres presas por aborto, e as que foram a julgamento continuariam a ir, caso a proposta de referendo fosse aprovada, uma vez que se referem a abortos realizados muito depois das dez semanas.

5. O prazo das 10 semanas é arbitrário, sem fundamentação científica nem outra qualquer que se possa aceitar como razoável. Por mais voltas que se lhe dê, "abortar é mandar uma vida à viola". Com 10 ou mais ou menos semanas de gestação o certo é que são crianças que não vão poder nascer.


Quererá o povo português que isto aconteça? Não estarão uns tantos a querer dizer-lhe que se trata apenas de não castigar as mulheres que abortam? Quisessem os governantes e teriam outros meios de defender e ajudar as mulheres!

8 comentários:

Anónimo disse...

Deixamos esta partilha do nosso grupo cívico: um tema composto pela Banda Jota que apela à vida. Visitem para ouvir:

http://guardavida.blogspot.com

antonio disse...

Parabéns pelo texto.
Claro e resumindo o que efectivamente está em causa, sem demagogia, sem choradinhos e acima de tudo feito de forma cívica.

Julgo que qualquer um fica sensível aos argumentos que enlencastes. Detesto o recurso a imagens de bébés radiantes de saúde e alegria, como se os outros nos envergonhasem; detesto acusações de assassínio, como se o que estivesse em causa seja uma luta entre o bem e o mal.

O que está em causa é que as pessoas decidam em consciência e o teu texto é uma boa ajuda.

Ver para crer disse...

Obrigado, amigos!
Creio que na campanha temos de acentuar as ideias de defesa da vida do nascituro e também a da falsa protecção das eventuais mulheres que abortem.
Protegem-se até às 10 semanas?! E depois!?

Marlene Maravilha disse...

Devemos lutar pela vida, sempre!!
Bom artigo!
abraços

J disse...

Ver para Crer,

Subscrevo as suas palavras.

Um grande beijinho

Maria João disse...

Esperemos que a campanha seja esclarecedora!!!

Teresa Durães disse...

a pergunta significa: queremos um estado repressor que pelo medo tenta que não haja aborto? ou queremos que o estado não tenha no seu código penal obrigando as mulheres a uma consulta médica e informarem-se de possíveis alternativas?
é só uma questão de liberdade/ repressão. a lei actual não ajuda. 50 mulheres dia fazem abortos.

a pergunta é. fica tudo na mesma ou altera-se? o aborto faz-se. quer queiram quer não.

Anónimo disse...

27 boas e verdadeiras razões para se votar sim no referendo do aborto


Porque é um direito a mais que conquistamos
Porque é um dever a menos que suportamos
Porque os países civilizados têm
Porque é sinal de modernidade
Porque a Igreja é contra
Porque é mais uma causa
Porque o Estado alguma vez é meu amigo
Porque é o principal problema deste país
Porque assim está-se mais à vontade
Porque, pela 1ª vez, se pode ter "desvios" sem impunidade
Porque temos que compensar as mulheres da violência doméstica
Porque assim controlo melhor o meu destino
Porque a barriga é minha e só lá está quem eu deixo
Porque já andamos nisto há uma porrada de tempo
Porque, ao menos, dão-me prioridade uma vez na vida.
Porque eu choro e os fetos não choram
Porque até fica bem no currículo
Porque eu não sei o que isso do amor maternal
Porque me convém
Porque eles não querem assumir
Porque eu, mãe, quero vingar-me do pai
Porque é mainstream
Porque eu quero
Porque é da esquerda ou da direita moderna (neo-liberal)
Porque ele não fala nem vê e eu sou mais forte
Porque é mais um passo
Porque sim