quinta-feira, setembro 27, 2007

Boa lição para as crianças


Um grupo de quatro crianças, com idades entre os 11 e 13 anos, tiveram de cumprir uma ‘pena’ de serviço comunitário, procedendo à limpeza de um monumento na Foz do Arelho, pois tinham-no sujado com pinturas, vulgarmente conhecidas por grafittis.


Os menores lembraram-se de usar como tela a Fonte dos Namorados – um local emblemático da praia da Foz do Arelho. Uma moradora viu e denunciou-os à GNR, que os apanhou em flagrante delito.Para evitar eventuais procedimentos legais, a Junta de Freguesia da Foz do Arelho falou com os pais e propôs às crianças que limpassem o que sujaram, uma medida pedagógica que resultou. Com o acordo dos pais, os miúdos decidiram aceitar a proposta para limparem a Fonte dos Namorados e muros envolventes – um local recatado, construído em 1916, pelo qual os habitantes têm um grande carinho, porque a tradição diz que é um ponto de encontro dos namorados.

"É a atitude correcta, mais do que estar a aplicar-lhes um castigo. Vieram de livre vontade, não foram forçados e a ideia é eles saberem o que custa limpar, para que pensem duas vezes antes de voltarem a pintar", explicou Fernando Horta, presidente da Junta de Freguesia.Segundo o autarca, a ideia "acaba por funcionar, para eles terem a noção de que o património público é para estimar e não destruir".Nas palavras do autarca, as crianças fizeram a limpeza e ainda se ofereceram para limpar a fonte.

Quando vemos tanto vandalismo pelas nossas vilas e aldeias ficamos a pensar como as coisas seriam diferentes se pais e autoridades seguissem o exemplo relatado acima. "De pequenino é que se torce o pepino" – diz o provérbio. Se quando o menino suja ou parte, os pais o fizessem limpar, segundo as suas capacidades, a criança aprenderia o que custa e pensaria duas vezes antes de deitar coisas para o chão ou de sujar.

Mais do que castigar, a missão dum educador é apontar o caminho. E ajudar a criar hábitos bons e a evitar os maus.

sábado, setembro 22, 2007

O exemplo vem de França


Todos sabemos que a escola tem primordial importância para o futuro de um país. Logo a seguir à família. E isto na formação profissional mas também na educação humana e cívica. Apostar na formação de bons professores é, por isso, vital. Mas há também necessidade de os valorizar perante a sociedade e sobretudo os alunos.

O que se fez ou permitiu fazer em Portugal, nos últimos anos, vai em sentido contrário. Por isso quero aqui realçar o exemplo do Presidente francês, que escreveu uma carta a todos os alunos, professores e pais das escolas de França, estimulando-os a colaborarem num "renascimento" da escola francesa.


Nessa carta, Nicholas Sarkozy pede que se estimule o respeito mútuo (o respeito é a base de toda a educação) e que se recompense o bem, sancionando as faltas, cultivando a admiração pelo que é bom, justo, belo, grande, verdadeiro e profundo e recusando o que é mau, injusto, feio, insignificante, falso, superficial e medíocre". O chefe do Estado francês questionou também o secularismo, que rejeita a presença religiosa nas escolas e programas de ensino franceses. "Estou convencido de que não deveríamos deixar o tema da religião à porta da escola", afirmou, advertindo que não defende o proselitismo nas escolas. "A origem das grandes religiões, suas visões do homem e do mundo devem ser estudadas, não num espírito de proselitismo, não com uma abordagem teológica, mas como uma análise sociológica, cultural, histórica, que permita compreender melhor a natureza do facto religioso." E continua: "O espiritual e o sagrado sempre acompanharam as experiências humanas. São a fonte de toda civilização. A gente pode abrir-se com mais facilidade aos outros e dialogar com as pessoas de outras religiões quando entende a sua própria religião".


Aos professores pede que reflictam sobre a grave responsabilidade que têm em "guiar e proteger espíritos e sensibilidades que ainda não se formaram completamente, que não alcançaram a sua maturidade, que estão em busca e que são ainda frágeis e vulneráveis". À família lembra que os pais "são os primeiros educadores de seus filhos" e os alenta a envolver-se intimamente no processo da educação.

Esperamos que este bom exemplo também seja seguido entre nós.

quinta-feira, setembro 20, 2007

De novo a escola


As nossas escolas estão a começar um novo ano lectivo. E isto é sempre motivo de esperança. A escola é, logo a seguir à família, o lugar onde as crianças, adolescentes e jovens passam mais tempo. Por isso ela deixa marcas profundas na educação das novas gerações. Como todos os políticos dizem, é nas escolas que está o futuro do país.

No entanto ficámos há dias a saber que as políticas de combate ao abandono escolar não estão a funcionar. A percentagem de jovens que saíram precocemente da escola e cujo nível de estudos não ultrapassa o 9º ano de escolaridade subiu de 38,6%, em 2005, para 39,2%.
Os últimos dados do Eurostat, compilados pelo Observatório do Emprego no estudo Aspectos Estruturais do Mercado de Emprego, revelam ainda outra realidade desencorajadora. Apesar de ter havido uma contenção de três pontos no abandono escolar, ao longo dos últimos seis anos, "a taxa portuguesa continua a ser mais do dobro da verificada para a média da União Europeia".

Estes resultados inviabilizam as metas traçadas pelo Governo tanto no Plano Nacional de Acção para o Abandono Escolar, como no plano nacional de emprego. Neste último, o Governo propunha-se reduzir a saída precoce do sistema de ensino para 30% até 2008 e para 25% até 2010. E aumentar a percentagem de jovens com o ensino secundário para 65% até 2010.
Num meio escolar em que a insatisfação dos professores é grande, tudo concorre para um ambiente desfavorável em que a indisciplina ganha terreno. Por outro lado, as dificuldades económicas das famílias e o desemprego não favorece em nada um bom ambiente familiar.

A ajuda a estas famílias desempregadas ou de baixos recursos é imprescindível para uma boa educação de seus filhos. E o combate ao desemprego, que parece não ser prioridade para o governo, é o melhor investimento que se pode fazer. Mais do que a distribuição de computadores e de outros recursos tecnológicos, muitos dos quais ficarão dentro em breve ao abandono.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Seria eu capaz do mesmo?


A polícia chinesa deteve pela 11.ª vez em três anos Jia Zhiguo, bispo da diocese de Zhengding, na província de Hebei, noticia um grupo de direitos religiosos, que diz desconhecer as razões que levaram à detenção e o local onde o bispo está preso.
A mesma organização adianta em comunicado que Jia, que no total já cumpriu 20 anos de prisão e esteve cinco dias sob apertada vigilância policial.
A anterior detenção de Jia verificou-se há dois meses, dias antes do Papa Bento XVI enviar uma carta aos cerca de dez millhões de chineses que, de forma clandestina, seguem o catolicismo no país asiático, celebrando e catequizando em casas particulares.
Nessa altura, as autoridades religiosas da China advertiram Jia de que não devia manifestar apoio público à missiva de Bento XVI.

Muitos têm sido os católicos que têm sofrido corajosamente perseguições de toda a ordem e por vezes a morte, mas que se mantiveram firmes na fé. E isto não só na China mas em muitos outros países.
É conhecida a proibição de um muçulmano se converter a outra religião, sob pena de ser mesmo condenado à morte. No entanto, volta e meia aparecem pessoas que afrontam a lei e se sujeitam ao pior. E tudo isto por amor a Cristo.
Seríamos nós capazes do mesmo?

Corre na internet uma "história" que talvez nunca se tenha passado. Diz o seguinte:
"Num domingo de manhã durante o culto religioso com uma igreja cheia, apareceram dois homens mascarados, vestidos de preto da cabeça aos pés e armados com armas automáticas.
Adiantando-se um dos homens disse:
– Aquele que estiver disposto a morrer por amor a Jesus Cristo fique onde está.
Imediatamente todos aqueles que estavam a cantar no coro fugiram. Os acólitos desapareceram e a maioria dos fiéis daquela Igreja saíram também. Das centenas de pessoas que estavam na igreja, ficaram muito poucos. O homem que falou tirou a máscara e o capuz, olhou fixamente o celebrante e disse:
– Okey, agora que já só cá estão pessoas de Fé, pode celebrar a Missa. Desejo-vos um bom dia."

Se acontecesse na minha igreja um caso idêntico, que atitude tomaria eu?

terça-feira, setembro 11, 2007

Luz desde a escuridão



Deixo aqui alguns fragmentos duma entrevista do postulador da Causa de Canonização da Beata Madre Teresa, por me parecerem elucidativos da razão por que ele publicou algumas cartas da referida fundadora das Irmãs da Caridade.

Pergunta do entrevistador ao Padre Kolodiejchuk:

Como se relaciona o seu sofrimento redentor pelos demais, no meio dessa profunda escuridão, com seu carisma particular?

Resposta: – Durante os anos cinquenta do século passado, madre Teresa rendeu-se e aceitou a escuridão. O padre Joseph Neuner [um dos diretores espirituais que teve em sua vida] ajudou-a a compreender isso, relacionando a escuridão com seu carisma: saciar a sede de Deus.

Ela costumava dizer que a maior pobreza era não se sentir amado, solicitado, cuidado por ninguém, e era exactamente o que ela estava vivendo em sua relação com Jesus.

Seu sofrimento redentor era parte da vivência de seu carisma a serviço dos mais pobres entre os pobres.

De maneira que, para ela, o sofrimento era não só um meio para identificar-se com a pobreza física e material, mas que, no âmbito interior, identificava-se com os não amados, com os que estão sozinhos, com os que são rechaçados.

«Se minha separação de ti permite que outros se aproximem de ti e tu encontras alegria e deleite em seu amor e companhia, quero de todo coração sofrer o que sofro, não só agora, mas pela eternidade, se for possível», escreveu Teresa.

Numa carta a suas irmãs, faz mais explícito o carisma da Ordem:

«Minhas queridas filhas, sem sofrimento, nosso trabalho seria somente trabalho social, muito bom e útil, mas não seria obra de Jesus Cristo, não participaria da redenção. Jesus desejava ajudar-nos compartilhando nossa vida, nossa solidão, nossa agonia e morte. Tudo isso ele assumiu em si mesmo, e o levou à noite mais escura. Somente sendo um de nós podia nos redimir."

Pergunta:Então, o que o senhor diz a quem qualifica sua experiência como uma crise de fé e que ela realmente não acreditava em Deus, ou a quem sugere que sua escuridão era um sinal de instabilidade psicológica?

Padre Kolodiejchuk: – Ela não teve crises de fé, ou falta de fé, mas teve uma prova de fé na qual experimentou o sentimento de que ela não acreditava em Deus. Esta prova requereu muita maturidade humana, porque, se não, não teria sido capaz de suportá-la. Teria desequilibrado.
Como disse o padre Garrigou Lagrange, é possível experimentar simultaneamente sentimentos contraditórios entre si. É possível ter uma «alegria cristã objetiva», como a chamou Carol Zaleski, e ao mesmo tempo entrar na prova ou sentimento de não ter fé.

quarta-feira, setembro 05, 2007

A honestidade dos lisboetas


Há poucos anos foi com carteiras contendo 150 euros. Desta vez com telemóveis de gama média. O teste foi realizado por várias revistas em 32 cidades mundiais, e na capital portuguesa ficou a cargo da "Readers Digest".

A prova era simples: vários telemóveis eram «estrategicamente» perdidos na cidade e os repórteres ficavam escondidos para avaliar as reacções dos que os encontravam, inclusive se faziam alguma chamada. Mal as pessoas pegavam nos telemóveis, os jornalistas ligavam e pediam-lhes para devolver o aparelho. Nalguns casos, os aparelhos foram desligados de imediato. Noutros, a pessoa chegou a marcar um encontro para a entrega, mas nunca apareceu.

Mas também houve o contrário. E muitas vezes pessoas aparentemente mais fáceis de tentar, como um desempregado de 44 anos que correu a devolver o telemóvel a uma repórter que o tinha deixado no banco de um centro comercial.

Porém, dos 30 telemóveis de média gama, abandonados em vários pontos da cidade de Lisboa, só 15 foram devolvidos. Este estudo mostrou que a honestidade dos lisboetas anda muito por baixo. Lisboa teve o 28.º lugar em 32. Pior só mesmo Amesterdão, Bucareste, Hong Kong e Kuala Lumpur. No extremo oposto, com cidadãos mais honestos, destacaram-se Liubiliana da Eslovénia, Toronto e Seul.

Muitos dos que entregaram os telemóveis disseram que a sua consciência não lhes permitia ficar com coisas alheias. Outros afirmaram que não queriam dar maus exemplos a seus filhos. Uma senhora disse mesmo: “Meu querido, como é que eu poderia ficar com uma coisa que não é minha por direito? Deus transformar-me-ia em pedra.” Estes estudos não conseguiram apurar se a educação religiosa tem alguma coisa a ver com a honestidade das pessoas mas quero crer que sim. Vários foram os que aludiram à sua formação de consciência.

O 7.º mandamento diz-nos para não furtarmos nem retermos o que não é nosso.

Será que temos isso em conta na nossa prática diária?

sábado, setembro 01, 2007

De enfermeiro a padre missionário


«Os jovens de hoje já não querem ser padres». Esta é uma das ideias feitas, que ouço volta e meia.
Temos falta de vocações consagradas não há dúvidas. Os filhos são poucos e os pais – mesmo às vezes muito religiosos – não vêem com bons olhos o ingresso dos filhos nos seminários ou nas congregações religiosas. Até porque querem ter assegurada a descendência. Por isso há muitos jovens que só se decidem entregar ao serviço de Deus e da Igreja quando tiram um curso. Sobretudo nas grandes cidades.
Os exemplos são muitos felizmente e hoje falo no do enfermeiro Daniel, porque o li na revista “Fátima Missionária”.
Daniel, de 23 anos, de Ermesinde, acaba de tirar o curso de enfermagem. Mas decidiu não ser só enfermeiro. Por isso vai entrar no Seminário. Quer ser padre missionário.
Podia ir, como é seu desejo, para um país de missão dar a sua colaboração às Missões como enfermeiro. Mas quer mais. «Não quero trabalhar 50 anos como enfermeiro. Quero fazer mais, ter a possibilidade de trabalhar com os jovens, em áreas diferentes da da saúde».
Aos amigos, a decisão "faz-lhes con-fusão". Acham engraçado, mas "não é normal um jovem da minha idade, acabar o curso de enfermagem, com um futuro promissor em mãos" e partir para o incerto.
Para ele, entregar a vida inteira "faz sentido". Até porque já fez a experiência missionária no grupo de Leigos Missionários da Consolata. Gostou mas achou que é pouco. Ele quer dar toda a sua vida às Missões, junto dos mais pobres.
Os amigos "não con-seguem entender e eu não lhes consi-go explicar". O Daniel sabe bem que os jovens de hoje "vivem a hora, buscam o prazer, o bem-estar e não o sacrifício". Mas assim dificilmente serão felizes. E ele quer ser feliz, contribuindo para a felicidade dos outros. Como o pai e a mãe que só são felizes se virem os filhos felizes. O amor é assim.
Daniel, com mais dois colegas nas mesmas circunstâncias, vai agora partir para a Itália. Onde os esperam quatro anos de estudo e formação.