quinta-feira, dezembro 29, 2005

S. Tomás Becket

Bispo e Mártir

É um homem do século XII, mas vale a pena recordar o seu exemplo.
Depois de ter desempenhado com brilho a função de chanceler do Reino da Inglaterra, foi indicado pelo rei Henrique II para arcebispo de Cantuária e primaz da Inglaterra.

Como até então era leigo, foi ordenado sacerdote e dois dias depois sagrado bispo. Sua vida se modificou completamente.

Deixou o fausto e passou a viver na simplicidade e na pobreza, colocando-se inteiramente a serviço dos necessitados, tornando-se um servidor fiel de Deus e da religião que professava.
Depressa se tornaram inevitáveis os conflitos entre aquele rei absolutista, que queria reduzir a Igreja a mero departamento do Estado inglês.

O rei sentiu-se traído por não contar mais com os préstimos de Tomás e especialmente por ele se colocar ao lado do Papa e contra as suas posições de monarca.

Em consequência dos choques cada vez mais violentos, Tomás teve de fugir para a França, onde esteve exilado por seis anos. Mais tarde retornou à sua diocese, após diligências do Papa e do rei de França, mas recomeçaram os conflitos.

O arcebispo foi avisado de que o queriam matar, mas ficou no seu lugar:
"O medo da morte não deve fazer-nos perder da vista a justiça".

E acabou assassinado brutalmente por partidários do rei, dentro de sua própria catedral. Morria assim um Homem e nascia um Santo Mártir. Era 29 de Dezembro de 1170.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Natal

A festa do amor

O Natal é a festa do amor. Deus faz-se homem, nasce num estábulo de animais. Pequeno e pobre no meio dos pequenos e dos pobres para nos ajudar a ver que a verdadeira felicidade não está nas riquezas do mundo mas onde há amor e desejo dos bens verdadeiros, que são mais de ordem espiritual que material. Talvez por isso, só os pequenos e os pobres é que conseguem penetrar verdadeiramente no mistério natalício.
O Natal é algo de profundamente misterioso. Mais para contemplar com os olhos da fé e para viver com um coração agradecido, do que para celebrar com a superficialidade de quem, ao apagar das luzes e ao cessarem os últimos ecos dos cânticos jubilosos, se esqueceu de tudo e voltou à vida de todos
os
dias, como se nada tivesse acontecido. O Menino de Belém tem de ser visto, não num cenário iluminado por lâmpadas a imitar estrelas e decorado por fios reluzentes a lembrar a prata e o ouro, mas numa composição em que o primeiro plano é, por certo, uma pobre manjedoura com um menino, mas em que o segundo é o mundo dos homens que desejam viver no amor e na paz, tantas vezes tão longe, que Jesus quis que existisse na Terra.
Quem dera que o nosso Natal deste ano fosse mais cristão, mais comprometido com a mensagem de Jesus, tendo em conta os pobres, as crianças desamparadas, os velhinhos!

sábado, dezembro 17, 2005

Deus não te vai perguntar

Quando fores julgado


Deus não te vai perguntar que tipo de carro costumavas guiar, mas vai-te perguntar quantas pessoas que necessitavam de ajuda tu transportaste.

Deus não te vai perguntar qual o tamanho e beleza da tua casa, mas vai-te perguntar quantas pessoas ajudaste a ter uma casa para se abrigar.

Deus não te vai fazer perguntas sobre as roupas do teu armário, mas vai-te perguntar quantas pessoas ajudaste a ter com que vestir.

Deus não te vai perguntar o montante dos teus bens materiais, mas vai-te perguntar como os usaste.

Deus não te vai perguntar quanto dinheiro te veio parar às mãos, mas vai-te perguntar se tu comprometeste a tua honra para obtê-lo.

Deus não te vai perguntar quantas promoções recebeste, mas vai-te perguntar de que forma tu ajudaste a promover os outros.

Deus não te vai perguntar quantos amigos tinhas, mas vai-te perguntar para quantas pessoas foste amigo.

Deus não te vai perguntar o que fizeste para proteger os teus direitos, mas vai-te perguntar o que fizeste para garantir os direitos dos outros.

Deus não te vai perguntar se as pessoas gostavam de ti, mas vai-te perguntar se gostavas delas.

Se você quer ser feliz para sempre, pense nisto!

Whit Criswell

terça-feira, dezembro 13, 2005

Ainda os crucifixos

Bispos pedem bom senso

Reunido na manhã desta terça-feira em Fátima, o Conselho Permanente da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa) analisou o tema da retirada dos crucifixos das escolas do país e pediu «bom senso» de todas as partes diante da medida.

Os bispos defenderam um sistema de laicidade que respeite os símbolos religiosos e não que os elimine, refere Agência Ecclesia.

Em declarações à agência portuguesa, Dom Carlos Azevedo, secretário da CEP, esclarece que «esta é uma questão de respeito para com uma dimensão religiosa e cultural dos cidadãos».

«O debate, sereno ou mais acalorado, que tem ocorrido nestes últimos dias, é muito proveitoso», considera o prelado, esperando que o mesmo ilumine «qualquer decisão sobre este tema».

Este responsável assegura que «a Igreja Católica não vai exigir que os Crucifixos permaneçam nas escolas, porque não foi ela quem exigiu que eles lá fossem colocados».

«Aqui há uma questão de bom senso, em cada comunidade educativa, e não pode haver um grupo de pessoas que se dê à inquisição das escolas que têm ou não crucifixos para denunciar esse fato ao Ministério», acrescenta.

Para o futuro, refere o secretário da CEP, é necessário «que se tenha em conta a realidade das comunidades educativas, os problemas que lá existem ou não, o que levará a que se respeitem, retirem ou acrescentem símbolos religiosos».

«As pessoas devem habituar-se a viver na tolerância, num verdadeiro regime de laicidade, que é um regime de respeito para com os sistemas religiosos e não de apagamento dos seus símbolos, como parece ser o sistema laicista», afirma.

sábado, dezembro 10, 2005

Cruzes, credo!

A escola, uma escolha de pais


Foi com agrado que vi, recentemente publicado pelo governo inglês, o livro Branco da Educação “Melhor Qualidade, Melhores Escolas para Todos – Mais Escolhas para os Pais e para as Escolas” (www.liberdade-educacao.org).
No seu conjunto, reforça a ideia de que a escola deve estar mais próxima das famílias, não devendo ser mais um factor de discriminação social, mas uma oportunidade de escolha para os pais, num exercício de liberdade e cidadania, sem quaisquer constrangimentos.
Afirmar as escolas abertas ao poder dos pais com efectiva possibilidade de opção pelo projecto educativo que desejam, e assumir tal afirmação como programa governativo, é de uma outra cultura que não a nossa.
Entre nós parece haver um culto repressor do cidadão, obrigado ao que não quer e sempre olhado com desconfiança pela administração pública. Quando atingiremos a maturidade necessária que nos permita gozar de liberdade de escolha nos vários sectores da sociedade?
........ Porque os haveríamos de recusar? Pelas mesmas razões, porque haveremos de recusar aos pais o direito de escolherem a escola para os seus filhos pois, está demonstrado, não fica mais caro ao Estado?
Esta liberdade de escolha para todos, e não apenas para os que podem pagar, fomentará a necessária qualidade educativa a que todos aspiramos, proporcionará igualdade de oportunidades e será factor de desenvolvimento, já que gastamos como os países mais desenvolvidos e temos resultados como os mais pobres.
Diz um estudo, citado por aquela fonte, que 76 por cento dos pais com crianças a frequentar escolas estatais deseja poder fazer uma “escolha autêntica” da escola que o seu filho frequenta. Pelo andar da carruagem, parece-me que entre nós a percentagem será superior… Desejamos um serviço público que satisfaça as nossas necessidades e tal não é, nem pode ser, um monopólio do Estado ou um feudo sindical.
Desejo que, de forma equilibrada, se vá procedendo às necessárias alterações do modelo português, desajustado da realidade do tempo presente e do mundo em que vivemos. Teremos que esperar muito?

Manuel Carvalheiro

terça-feira, dezembro 06, 2005

Honremos a nossa Padroeira

O culto a Maria


Vamos celebrar a 8 de Dezembro Maria, a Mãe de Jesus, com o título de Imaculada Conceição. Ela é, há muitos séculos, a padroeira de Portugal.
O nosso povo tem grande devoção a Nossa Senhora desde há muitos séculos e as suas aparições em Fátima só vieram incrementar ainda mais esse culto, como ainda há pouco o demonstrou em Lisboa. No entanto, volta e meia ouço ou leio críticas de irmãos protestantes acerca disso, como se fosse verdade que adoramos Maria como se de uma deusa se tratasse. Não! A Igreja Católica ensina que tudo em Maria tem raiz, orientação e sentido cristocêntrico. Isto porque tudo nela parte e se refere à sua condição de Mãe virginal de Cristo, que é Deus. É a maternidade divina de Maria a explicação do cumprimento de seu mistério e missão; é sua razão de ser, seu condicionamento prévio e posterior: ela é a Bem-aventurada porque fez a vontade de Deus.
E é para admirar esta crítica porque os fundadores do protestantismo foram também eles devotos de Maria. Martinho Lutero, no "Comentário do Magnificat" escreveu:

"Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei David) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar o suficiente, a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade."
E Calvino, escreveu no «Corpus Reformatorum»:
"Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus" .
Não tenhamos medo de exaltar Maria e lhe pedir as suas bênçãos. Isso mesmo fez Lutero na sua obra citada acima:
"Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do Magnificat... Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua Santa Mãe! Amén" .

quinta-feira, dezembro 01, 2005

O dever do cristão

Praticar as obras de misericórdia

“Queres honrar o Corpo de Cristo? Então não o desprezes nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem o honres aqui no templo com vestes de seda, enquanto ele lá fora fica abandonado ao frio e à nudez. Aquele que disse: isto é o meu Corpo, confirmando o facto com a sua palavra, também afirmou: vistes-me com fome e não me destes de comer; e ainda: quantas vezes o não fizeste a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o recusastes. No templo, o Corpo de Cristo não precisa de mantos, mas de almas puras, mas na pessoa dos pobres, Ele precisa de todo o nosso cuidado.
Aprendamos, pois, a honrar a Cristo como Ele quer. Quando pretendemos honrar alguém, devemos prestar-lhe a honra que ele prefere e não a que mais nos agrada. Também Pedro julgava honrar a Cristo, impedindo-o de lhe lavar os pés; ora isso não era honrá-lo, mas precisamente o contrário. Assim deves também tu prestar-lhe aquela honra que Ele mesmo ordenou, distribuindo pelos pobres as tuas riquezas.

Lembra-te de que é o mesmo que fazes a Cristo, quando o vês errante, peregrino e sem tecto, e tu, sem o receberes, adornas o pavimento, as paredes e as colunas do templo; suspendes cadeias de prata para os candelabros, mas não vais visitá-lo, quando Ele está preso nas cadeias do cárcere: também não digo isto para impedir os ornamentos sagrados, mas para que se faça uma coisa sem omitir a outra; ou melhor, exorto-vos a tratar do irmão necessitado, antes de ir adornar o templo. Ninguém foi acusado por omitir este segundo cuidado; mas quem despreza os pobres está condenado aos castigos do inferno, ao fogo inextinguível e ao suplício na companhia dos demónios. Por conseguinte, enquanto adornas o templo, não esqueças o teu irmão que sofre, porque este templo é mais precioso que o outro.”
(Das Homilias de S. João Crisóstomo, bispo, sobre o Evangelho de S. Mateus – Séc. IV)