quinta-feira, junho 29, 2006

Dinheiro e felicidade


Apesar de três vezes mais ricos do que nos anos 50, os britânicos sentem-se hoje menos felizes do que se diziam naquela época, indica um estudo encomendado pela BBC. A proporção de pessoas entrevistadas que disseram ser "muito felizes" caiu de 52%, em 1957, para 36% actualmente, de acordo com o levantamento feito pelo instituto GfK NOP. Outros estudos feitos na década de 50 mostram que havia mais felicidade na Grã-Bretanha do pós-guerra do que na actual, sugerindo que o aumento da riqueza não tornou os britânicos mais satisfeitos com a própria vida.

A experiência britânica parece repetir-se noutros países desenvolvidos, que, apesar de terem tido grandes aumentos de riqueza, têm registrado níveis de felicidade mais baixos nos últimos 50 anos. Nos Estados Unidos, cientistas sociais observaram uma queda gradativa nos níveis de satisfação em relação à vida nos últimos 25 anos.

A maioria dos entrevistados, 48%, disse que os amigos e familiares são o factor mais importante para a sua felicidade. Em segundo lugar, ficou a saúde, com 24%. O estado civil também parece ser um factor determinante na percepção de felicidade das pessoas, com os casados aparentemente mais satisfeitos. Cerca de metade dos entrevistados que eram casados disseram ser "muito felizes" enquanto apenas um quarto dos solteiros ou separados se considera assim.

Os entrevistadores também perguntaram às pessoas se o principal objectivo dos governos deveria ser tornar o país mais feliz ou mais rico e a resposta foi esmagadora: 81% disseram que a felicidade deveria ser a meta, contra 13% que disseram ser mais importante privilegiar a riqueza.
Em relação ao papel das escolas, 52% concordaram com a proposição de que mais ênfase deveria ser colocada em ensinar os alunos a ter uma vida feliz e não em educá-los para o ambiente de trabalho. Outros 43% discordaram.

Quando pediram aos entrevistados para avaliar se a vizinhança onde moravam era mais ou menos "amigável" do que dez anos atrás, 43% disseram que as pessoas a seu redor eram menos amigáveis; apenas 22% afirmaram estar cercadas de pessoas mais amigáveis.

terça-feira, junho 20, 2006

Bispos portugueses à descoberta das novas tecnologias

Os Bispos portugueses continuam reunidos em Fátima, nas Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa, que este ano propõem uma descoberta das novas tecnologias. A iniciativas, que reúne ainda outros representantes das Dioceses do país, é dedicada ao tema «Deus na “rede”: formas do religioso na Internet».

A relação entre as novas tecnologias e a evangelização, o impacto global da Internet, experiências de formação e acompanhamento espiritual através dos novos suportes tecnológicos, a profusão do religioso no espaço virtual e a comunidade eclesial em Portugal são alguns dos assuntos em destaque.

O director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, Pe. António Rego, explica à Agência ECCLESIA que os Bispos têm visto demonstrações das novas tecnologias, com dispositivos multimédia, e foram ontem guiados, por exemplo, numa visita virtual ao Estado da Cidade do Vaticano.

“A ideia foi expor um conceito alargado e mais moderno de Media, hoje, que tem a ver com as novas tecnologias”, assinala.

D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, que coordena os trabalhos, referiu ontem que a Internet deve ser encarada pelos católicos com "juízo crítico" mas como "algo benéfico" para a sociedade de hoje.

Na apresentação que fez aos membros da CEP, o Pe. António Rego lembrou que vivemos numa sociedade marcada pela “omnipresença dos Media”, que exige de qualquer presença da Igreja uma permanente actualização de conteúdos.

CD, DVD, Site, RSS, Podcast, Blogue, mail, motor de busca, SMS, Plasma, Mupies, outdoors, satélites, GPS, Fotos do telemóvel ou nova geração são algumas das realidades com que os Bispos portugueses se irão familiarizar até ao próximo dia 22.

De ECCLESIA

terça-feira, junho 13, 2006

O controlo do Estado

Mas que democracia é esta ?!
Este governo está a dar razão a muito boa gente que diz que hoje somos ainda mais controlados que no tempo do fascismo. Agora até nos querem proibir de entrar nos comboios, restaurantes ou cafés se formos fumadores. Nem os patrões desses estabelecimentos já têm direito decisório.
Também o ensino foi quase completamente controlado pelo estado. E muitas e muitas outras coisas que agora não digo. Diz-se muito mal do Salazar mas esta democracia parece ainda pior.
Logo a seguir à revolução de Abril, que recebi de braços abertos, conheci um presidente da câmara que me chegou a dizer: «Fui eleito pelo povo, tenho o direito de controlar tudo no concelho. Até a Igreja se devia sujeitar ao meu poder».

Está a ser muito citado, e com razão, um texto do escritor espanhol Javier Marías:

«Parece que en los actuales tiempos no existe Gobierno, casi ni Estado, sin tendencias totalitarias. Da lo mismo que sea de derechas, centro o izquierdas, que tenga mayoría absoluta o pelada, que sea americano, europeo, africano o asiático, que haya alcanzado el poder en las urnas o mediante un golpe. La idea antigua de que sólo las dictaduras eran totalitarias resulta ingenua, porque el totalitarismo consiste, sobre todo, en la intromisión de los Gobiernos en todas las esferas de la sociedad, en el afán de regularlo, controlarlo e intervenir en todo, de condicionar la vida de los ciudadanos e influir en ella, en no dejarles apenas márgenes de libertad y decirles cómo han de comportarse y organizarse, no sólo en lo público y común, sino asimismo en lo personal y privado. Y de la misma manera que se va perdiendo la creencia de que las diferencias entre particulares puedan dirimirse sin recurrir a un juez, y así los países se llenan de denuncias y pleitos, también se está perdiendo una noción importantísima para las sociedades libres, a saber: que no todo tiene que estar regulado y supervisado por instancias superiores; que el Estado no tiene derecho a opinar de todo y menos aún a dictar normas para cualquier actividad, iniciativa o costumbre. Y al perderse esa noción se le cede todo el campo al Gobierno de turno (lo que todo Gobierno desea), con la consiguiente renuncia de los individuos a sus criterios, su participación y su autonomía. Un suicidio.»
(Javier Marías, no El Pais, de 8 de Janeiro passado.)

quinta-feira, junho 01, 2006

Dia Mundial da Criança

Pequenos tiranos


Leio num jornal da região – o Jornal de Leiria – um extenso artigo intitulado «Os pequenos tiranos». Chama a atenção para a inversão de papéis que alguns pais aceitam no dia-a-dia, na sua relação com os filhos. E depois sofrem as consequências. «Essas crianças têm pais super-protectores. Normalmente são inteligentes e, a determinada altura, procuram testar os adultos para estabelecer os seus limites". A falta do "não" no dia-a-dia das crianças ajuda-os a formar a sua personalidade tirana. Segundo o pediatra Bilhota Xavier, os pais que não sabem dizer não "não são amigos dos filhos".
Outras vezes os pais não estão para se aborrecer. Fazem todas as vontades aos filhos ou deixam-nos ao Deus-dará com consequências nefastas para o seu comportamento.
Depois ainda são capazes de acusar os professores ou outros educadores quando as coisas correm mal.
A reportagem que há dias foi mostrada numa escola dos arrabaldes de Lisboa veio pôr-nos diante dos olhos a incapacidade dos professores exercerem a sua missão. Pode vir a senhora Ministra dizer que a culpa da indisciplina e maus resultados das escolas é dos professores. Eles têm as costas largas. Mas os verdadeiros culpados são muitas famílias e as más políticas de sucessivos Ministérios ditos da Educação.
A investigação psicossocial tem demonstrado que os três primeiros anos de vida são essenciais para o desenvolvimento da personalidade e que uma relação precoce fiável, com figuras adultas seguras e estáveis, é o primeiro passo para assegurar um futuro sem dificuldades. «Em países sem uma política coerente e integrada, como Portugal, é natural que surjam, com mais frequência do que noutros locais, problemas ligados à criança e à família. Se não formos capazes de, precocemente, proteger e ajudar a crescer as crianças, não seremos capazes de ter escolas a funcionar, por mais formação que dermos aos professores; continuaremos a ter os tribunais de crianças e jovens a abarrotar de processos de difícil resolução; e os serviços de saúde continuarão a ter mais casos de mau prognóstico, afinal susceptíveis de terem sido prevenidos». Palavras sensatas escritas pelo Dr. Daniel Sampaio, um pediatra de grande pestígio.