quarta-feira, maio 24, 2006

No país do laicismo

A mais valia das religiões



Num livro-entrevista, intitulado "A República, as religiões e a esperança", o Ministro do Interior da França, Nicolás Sarkozy, aborda o tema da religião e manifesta que esta "oferece algo que o Estado não pode dar".


Sarkozy é considerado por vários sectores da sociedade um dos candidatos com maior probabilidade a se tornar o próximo Presidente da França, um dos países mais secularizados da Europa. No mencionado livro reflecte sobre o tema do laicismo, mas não deixa de lado temas como a fé, as personalidades espirituais que marcaram a sua vida, a Igreja Católica, as convicções que quer transmitir a seus filhos, assim como sobre os valores da religião num país laico.


O primeiro ministro afirma que "a religião oferece um grande serviço à sociedade, dota os homens da esperança espiritual que o Estado não pode lhes dar", por isso em sua opinião, o conceito de laicismo deve ser "profundamente revisto, pois acreditar que o Estado pode permanecer totalmente indiferente ao facto religioso é uma posição desmentida constantemente pela realidade da vida".


No referido livro Sarkozy explica que se deveria "voltar a uma laicidade activa, não passiva. Devemos dizer abertamente que hoje em dia é mais importante abrir lugares de culto nas grandes áreas urbanas que inaugurar lugares desportivos, também utilíssimos. Devemos conseguir que se convertam nos ideais para a juventude que cresce, para todos esses jovens que não têm ideais. Esse é o grande desafio".


Em referência às estritas normas que falam da separação entre Igreja e Estado, Sarkozy afirma que estas deveriam ser modificadas, pois opina que se trata de "uma questão que não é conjuntural nem episódica, a do financiamento das três grandes religiões da França. Admitamos sem hipocrisia; há uma contradição entre a vontade de reconhecer as religiões como um factor positivo na sociedade e depois negar-lhes qualquer forma de financiamento público".

sábado, maio 20, 2006

1.º Aniversário

Ad multos!...



Parece mentira mas já lá vai um ano.
Se valeu a pena a «brincadeira», poderão dizê-lo os leitores.


O contador marca 23.400 visitas.

11o postas é o equivalente a duas por semana.
O que já não é mau.
Por isso irei continuar, se Deus me der saúde.

Um obrigado a todos os aqui vieram.
E que continuem.

domingo, maio 14, 2006

Opus Dei

Uma opinião isenta

Ontem vi a reportagem da SIC sobre o Opus Dei e gostei.
Pareceu-me isenta e objectiva: ouviu as pessoas, não fez grandes comentários.
Por outro lado, quis também mostrar-nos o que pensam os que abandonaram a Obra.
Bom jornalismo, me pareceu.

Gostei de ver membros desta organização cristã a relatarem o que a obra lhes trouxe de positivo para a sua vida espiritual. Falaram várias pessoas: um banqueiro, um político, alguns padres, um juiz, um advogado, um futebolista, um motorista, uma estudante, uma médica, um professor e uma trabalhadora doméstica, entre outros.

Numa reportagem sem preconceitos, a SIC ouviu também pessoas que saíram do Opus Dei, visitou escolas, lares universitários, centros ligados à obra e foi autorizada a recolher imagens inéditas do retiro espiritual de um grupo de membros numerários. O secretismo, a educação, a influência na política ou na economia, as mulheres, a disciplina, a espiritualidade, a mortificação, a vocação... temas abordados com exemplos concretos, na primeira pessoa: o banqueiro Jorge Jardim Gonçalves, o deputado Mota Amaral, o jogador Nelson Alves, o juiz Eduardo Lucas Coelho, o advogado José António Ramalho, a médica Teresa Ferro, o vigário regional do Opus Dei, Pe. José Rafael Espírito Santo, entre outros testemunhos. A SIC ouviu também o historiador António Matos Ferreira, especialista em cristianismo contemporâneo e o cardeal português D. José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos quando foi promulgada a canonização de S. Josemaría Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei.

As auto-flagelações com cilício e chibata não foram escondidas o que acho bem, mas muitas pessoas irão achar que isso é que é fundamental na obra. E penso que é pena.
Eu também não gosto desta espiritualidade de mortificação do corpo, embora ainda há dias tenha conversado com duas irmãs religiosas sobre o assunto e ficado a saber que elas também usam o cilício.
Isto pode ser que dê matéria para outro post.

Goste-se ou não se goste da sua espiritualidade, o certo é que o Opus Dei é uma organização católica e como tal a temos de respeitar. Tem o seu lugar na Igreja e só Deus é que tem o direito de julgar.

sábado, maio 13, 2006

13 de Maio

Fátima incomoda

Ouço na rádio que Fátima teve hoje uma das maiores enchentes de peregrinos da sua história.
Por estes dias li e ouvi muitas coisas sobre Fátima, sobretudo a propósito das muitas pessoas que foram passando a pé.
Deixo aqui um resumo e o meu respectivo comentário:


1. As aparições de Fátima não passam de um embuste.
Como explicar que três crianças tenham mantido a ideia de terem visto Nossa Senhora, apesar de tanta prova que tiveram de enfrentar?!
Será que o que viram foi uma extraterrestre trazida por um OVNI, como afirmam Fina d'Armada e Joaquim Fernandes!!!

2. Fátima nada tem a ver com Cristo. Se tivesse não iam lá adorar uma imagem.
Esta fobia aos santos e às imagens cheira ao protestantismo mais retrógrado.
Leiam a Bíblia e vejam a história do cristianismo e digam se acham normal que Cristo tenha deixado a maioria dos cristãos viver na idolatria dos santos.

3. As pessoas vão a Fátima para «comprar» Deus e os santos com promessas.
Recomendo que leiam o capítulo 18, versículo 18 dos Actos dos Apóstolos e vejam que os votos e promessas não são radicalmente anticristãos.

4. As autoridades eclesiásticas nada têm feito para contrariar estas formas de religiosidade supersticiosa e anticristã.
Criticar é fácil mas o que não é fácil é levar os outros a terem a mesma forma de exprimir a Fé. Alguma coisa se tem feito no sentido de educar as pessoas, mas a minha visão intelectual e purista de ver e viver a Fé cristã não a posso impor aos outros.
Isso já se fez noutros tempos e o que ficou foi a vergonha da caça às bruxas e dos tribunais inquisitoriais.

domingo, maio 07, 2006

Dia da Mãe

As mais antigas celebrações do Dia da Mãe remontam às comemorações primaveris da Grécia Antiga, em honra de Rhea, mulher de Cronos e Mãe dos Deuses. Em Roma, as festas comemorativas do Dia da Mãe eram dedicadas a Cybele, a Mãe dos Deuses romanos, e as cerimónias em sua homenagem começaram por volta de 250 anos antes do nascimento de Cristo.

Mas foi nos Estados Unidos que se lutou, nos finais do século XIX e princípios do século XX, pela criação de um Dia da Mãe. A ideia partiu de Anna Jarvis, que em 1904, quando a sua mãe morreu, chamou a atenção na igreja de Grafton para um dia especialmente dedicado a todas as mães. Três anos depois, a 10 de Maio de 1907, foi celebrado o primeiro Dia da Mãe, na igreja de Grafton, reunindo praticamente família e amigos. Nessa ocasião, a sra. Jarvis enviou para a igreja 500 cravos brancos, que deviam ser usados por todos, e que simbolizavam as virtudes da maternidade: a beleza e doação de todas as mães.

A comemoração espalhou-se um pouco por todo o lado e, hoje em dia, serão poucos os povos que não celebram o Dia da Mãe.
E é bom que assim seja. Não só porque as Mães merecem isso e muito mais, mas para nos contrapormos a uma cultura anti-família e anti-vida que pouco a pouco vai tomando conta da nossa sociedade. Basta vermos o que se está a passar na vizinha Espanha. Na esteira das alterações legais sobre o casamento e a filiação adoptiva, agora permitidos entre pessoas do mesmo sexo, os actuais governantes substituiram os "ultrapassados" termos PAI e MÃE por – imagine-se! – PROGENITOR A e PROGENITOR B…
Numa cultura assim, mães e pais não passam de reprodutores. Nem o comunismo nem o nazismo tinham chegado tão longe!

A fúria dissolvente dos valores familiares está de vento em popa. A continuar assim, vão multiplicar-se as instituições de acolhimento de crianças e adolescentes sem pais que os eduquem. E faltar-lhes-ão a ternura e o amor que só os pais, e especialmente as mães, sabem dar. E teremos multiplicados os problemas de falta de inserção social e de violência e crime.
Deus queira que me engane!

segunda-feira, maio 01, 2006

"Crime do Padre Amaro"

Demasiado negativista



Estive ontem a ver o 1.º episódio do "Crime do Padre Amaro" da SIC e não gostei.
Isto de insistir em retratar a nossa sociedade tão negativamente só pode dar uvas azedas.
O filme pretende actualizar a narrativa de Eça de Quirós. Mas, quanto a mim, perde muito em relação àquela.

Mostra um retrato demasiado irreal da Igreja e da sociedade de hoje. Com obras destas temos todos os motivos para ficarmos ainda mais deprimidos.

E qual é o objectivo de tal obra?
Audiência, lucro.
Só isto é pouco demais, penso.

Gostava de saber se os meus leitores concordam comigo ou vêem pontos poditivos que eu não consegui vislumbrar.