segunda-feira, janeiro 15, 2007

Pena de morte

O enforcamento de Saddam, ex-ditador do Iraque, foi causador da morte de pelo menos três jovens que resolveram enforcar-se também. As imagens do nó a ser apertado em volta do pescoço de Saddam Hussein foram divulgadas por televisões do mundo inteiro. E a execução foi imitada por adolescentes na Índia, Paquistão, e Estados Unidos, morrendo assim dois miúdos e uma rapariga.

Lembro-me que ainda antes do 25 de Abril de 1974, uma correspondente local dum jornal diário me veio pedir ajuda para elaborar uma notícia duma tentativa de suicídio de determinada pessoa da terra onde então eu residia. Depois de muita insistência, anui a redigir uma pequena notícia do acontecido, enaltecendo a coragem da mulher que lhe cortou a corda, conseguindo anular a tentativa de morte daquele homem. Pois mesmo assim, o jornal não publicou nenhuma referência ao sucedido, desculpando-se com a lei da censura que proibia tais notícias.

Só anos mais tarde entendi que essa era uma medida acertada, pois há sempre espíritos fracos que podem fazer o mesmo. E o que me fez entender isto foi o desabafo de alguém que, perante o comentário de uma notícia chocante de assassínio de uma esposa, notícia essa veiculada por todos os órgãos de comunicação, disse publicamente que "qualquer dia ira fazer o mesmo à sua mulher".

Hoje instalou-se no ocidente uma mentalidade doentia em que são os próprios governantes a propor a despenalização de práticas de morte de outros seres humanos. É o caso da eutanásia e do aborto. Não admira pois que alguns pais sejam autênticos carrascos das suas crianças, em selvajarias que pensávamos há muito ultrapassadas. E que alguns filhos maltratem duramente os seus pais velhinhos ou doentes. É que o desrespeito da vida pega-se!

Portugal aboliu a pena de morte para crimes políticos em 1852 e para crimes civis em 1867, sendo assim pioneiro nesta questão de direitos humanos. Neste aspecto nada tem a aprender dos outros países. Se agora vencer o não à despenalização do aborto, poderá também afastar o perigo de se ver confrontado com a morte forçada de doentes incuráveis ou de deficientes. E isto será tudo menos atraso civilizacional.

10 comentários:

antonio disse...

Percebo a mensagem. Reconheço que as televisões codenando o acto e as imagens, as passaram quase de forma compulsiva... mas cuidado, Portugal ainda há pouco tempo tinha uma polícia de estado, que em nome desse estado, matava opositores ao regime.
E nesse respeito pela vida, infelizmente, não temos outro remédio se não aceitar lições de muitos países.

Mas o importante é que celebremos a vida e isso está presente no teu comentário.

Confessionário disse...

Pois é exactamente esse o meu receio, que em Portugal comecemos por banalizar uma coisa e dessa coisa venham outra piores e depois aindas uma mentalidade a que podíamos chamar de Cultura de Morte!!
Quando penso no referendo do dia 11, penso sempre no que virá a seguir...

J disse...

Concordo plenamente com tudo o que foi aqui escrito.

Um grande beijinho em Cristo

Pedro Martins Lopes disse...

Como se escreve bem aqui...

Anónimo disse...

Tiraste-me as palavras da caneta ou computador. É isso mesmo!

PDivulg disse...

Jesus também não condenou a madalena, quando todos á sua volta a condenavam... No entanto ele lançou-lhe um desafio "não tornes a pecar" quem das pró-aborto estão nas condições de assumir esse desafio, ou será que a suposta liberdade reclamada autoriza tudo??...

Lai disse...

Pelos vistos Portugal não aboliu definitivamente a pena de morte!!

Se o tivesse feito não teriamos de responder a nada no próximo dia 11 de fevereiro.

Lai

Anónimo disse...

Gostei deste post.
Acho que o que dizes é real.
Bjs.

Anónimo disse...

Reconheço que a podridão tende a alastrar. E é pena neste mundo maravilhoso haver quem lute pela morte!

antonio disse...

Iai.

Ai! Na mouche!