O Vaticano e a Federação Luterana Mundial estão a trabalhar na redacção de um documento comum sobre a Apostolicidade da Igreja e a sucessão apostólica. O encontro decorre em Bari, sul da Itália, desde o dia 23 até ao dia 29 de Setembro. Nele estão presentes os membros da Comissão católico-luterana para a unidade, sob a égide do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (CPPUC). Este projecto preliminar vai agora seguir um processo que permita a publicação do documento em 2006. Para marcar a importância deste encontro, a Comissão recebeu a visita do Cardeal Walter Kasper, Presidente do CPPUC, e do Dr. Ishmael Noko, Secretário da Federação Luterana Mundial. O Cardeal Kasper considera o documento que está a ser ultimado como uma posição "muito sólida" e admitiu, a esse respeito, que as relações com a Federação Luterana "são óptimas". Em 1999, foi publicado em Augsburgo uma declaração conjunta sobre a Doutrina da Justificação, aprovado pela Santa Sé e pela Federação Luterana Mundial, um dos documentos mais importantes na história do ecumenismo.
«É nossa fé comum – diz esse documento – que a justificação é obra do Deus uno e trino. O Pai enviou seu Filho ao mundo para a salvação dos pecadores. A encarnação, a morte e a ressurreição de Cristo são fundamento e pressuposto da justificação. Por isso justificação significa que o próprio Cristo é nossa justiça, da qual nos tornamos participantes através do Espírito Santo segundo a vontade do Pai. Confessamos juntos: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa de nosso mérito, somos aceites por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos renova os corações e nos capacita e chama para as boas obras».
«Confessamos juntos que o pecador é justificado pela fé na ação salvífica de Deus em Cristo; essa salvação lhe é presenteada pelo Espírito Santo no baptismo como fundamento de toda a sua vida cristã. Na fé justificadora o ser humano confia na promessa graciosa de Deus; nessa fé estão compreendidos a esperança em Deus e o amor a Ele. Essa fé actua pelo amor; por isso o cristão não pode e não deve ficar sem obras. Mas tudo o que, no ser humano, precede ou se segue ao livre presente da fé não é fundamento da justificação nem a faz merecer».