quinta-feira, setembro 20, 2007

De novo a escola


As nossas escolas estão a começar um novo ano lectivo. E isto é sempre motivo de esperança. A escola é, logo a seguir à família, o lugar onde as crianças, adolescentes e jovens passam mais tempo. Por isso ela deixa marcas profundas na educação das novas gerações. Como todos os políticos dizem, é nas escolas que está o futuro do país.

No entanto ficámos há dias a saber que as políticas de combate ao abandono escolar não estão a funcionar. A percentagem de jovens que saíram precocemente da escola e cujo nível de estudos não ultrapassa o 9º ano de escolaridade subiu de 38,6%, em 2005, para 39,2%.
Os últimos dados do Eurostat, compilados pelo Observatório do Emprego no estudo Aspectos Estruturais do Mercado de Emprego, revelam ainda outra realidade desencorajadora. Apesar de ter havido uma contenção de três pontos no abandono escolar, ao longo dos últimos seis anos, "a taxa portuguesa continua a ser mais do dobro da verificada para a média da União Europeia".

Estes resultados inviabilizam as metas traçadas pelo Governo tanto no Plano Nacional de Acção para o Abandono Escolar, como no plano nacional de emprego. Neste último, o Governo propunha-se reduzir a saída precoce do sistema de ensino para 30% até 2008 e para 25% até 2010. E aumentar a percentagem de jovens com o ensino secundário para 65% até 2010.
Num meio escolar em que a insatisfação dos professores é grande, tudo concorre para um ambiente desfavorável em que a indisciplina ganha terreno. Por outro lado, as dificuldades económicas das famílias e o desemprego não favorece em nada um bom ambiente familiar.

A ajuda a estas famílias desempregadas ou de baixos recursos é imprescindível para uma boa educação de seus filhos. E o combate ao desemprego, que parece não ser prioridade para o governo, é o melhor investimento que se pode fazer. Mais do que a distribuição de computadores e de outros recursos tecnológicos, muitos dos quais ficarão dentro em breve ao abandono.

3 comentários:

Anónimo disse...

Algo não vai bem no nosso sistema de ensino. Os números são bem elucidativos!

asas da montanha disse...

Belíssimo comentário. Oportuno. Incisivo. Directo.
Por experiência, sei que o que foi escrito é a verdade mais cristalina.
Parabéns.

antonio disse...

Precisamos de um país mais fraterno, que acredite nos valores humanos e não tenha como projecto de futuro a mão de obra escrava, uma espécie de China no extremo sul da europa.