sábado, março 17, 2007

Pai misericordioso



Hoje e amanhã é lida nas Missas a parábola do filho pródigo (Lucas 15). Trata-se de um dos textos mais ricos e interessantes da Bíblia.
A parábola mostra a imensa misericórdia de Deus para com o homem pecador, mas também as disposições do pecador para encontrar a misericórdia. Deus é misericórdia, mas não invade a liberdade de seus filhos.
Na cena do filho pródigo que passa fome, temos o retrato da nossa miséria quando afastados de Deus. No conflito do filho pródigo com seu irmão temos o retrato do nosso dilema entre a fidelidade e a misericórdia ou falta dela. E no abraço acolhedor que o pai dá ao filho que volta para casa, temos a mensagem do amor incondicional de Deus.
Jesus revela aquilo que os Profetas já pregavam: Deus quer a misericórdia e não os sacrifícios. Só agrada a Deus o que ama o seu próximo.
Os destinatários desta misericórdia são os pobres, os estrangeiros, os miseráveis e os repudiados pela sociedade, aqueles que eram tidos como os mais pecadores entre os filhos de Israel. Para Jesus, o filho pródigo está sempre sendo esperado para ser acolhido. Deus espera-nos como o pai da parábola, estendendo para nós os braços. Mas é necessário que lhe abramos o coração, que tenhamos saudades do lar paterno, que nos maravilhemos e nos alegremos perante o dom que nos fez seus filhos. É preciso que nos deixemos aconchegar pelo abraço misericordioso do Pai.
É curioso que Jesus associe o amor incondicional de Deus à figura do pai. Não seria melhor uma mãe? Não é ela que geralmente está associada à saudade, a braços abertos e ao perdão? Jesus provoca e quer desinstalar as ideias que se têm de paternidade e de Deus.
A parábola ensina uma nova imagem de Deus. A experiência de fé de Jesus permitiu que Ele chamasse Deus de Pai, tirando de Deus aquele ar austero e distante. Pode-se até dizer que o cristianismo nasce dessa experiência de poder chamar Deus de Pai. O Deus de Jesus e dos cristãos é um pai amoroso; que estará sempre pronto a perdoar desde que haja arrependimento.

3 comentários:

Catequista disse...

É das parábolas mais ricas em ensinamento, pela riqueza que se pode obter das suas palavras. O importante é que, por mais afastados que andemos, Ele recebe-nos de braços abertos, perdoa-nos e até nos prepara um banquete!
Haverá melhor Pai?

Maria João disse...

Não, não há melhor Pai. É pena que lhe viremos as costas de vez em quando...

antonio disse...

Nesta parábola ficamos sem saber o que aconteceu ao filho mais velho, que se recusa a partilhar da alegria do Pai com o regresso do filho pródigo.

Fico na amargura. Porque é que Cristo nada nos diz sobre este irmão?

Quando muitas das vezes lhe estamos tão mais próximos do que do filho pródigo? Numa Igreja em que muitas das vezes, nós os leigos, não sabemos acolher, fechando logo as portas aos filhos que pretendem regressar... nós os condenados a filho mais velho!