quarta-feira, dezembro 06, 2006

Testemunhos vivos


Que a minha filha o não saiba!


De há uns dias para cá têm-me chegado vários testemunhos de pessoas que contam a sua amargura por terem feito o aborto. E dizem que o fazem para evitar que outras caiam no mesmo erro.

Refiro apenas um dos casos que mais me impressionou. "Já tinha dois filhos. O meu marido não aceitava que eu tivesse outra criança. A vida estava difícil e era quase impossível criar mais outra. Resisti mas acabei por ser convencida a procurar uma abortadeira que me fez algumas perguntas e depois me examinou. Disse-me que a gravidez estava muita adiantada e assim era arriscado praticar o aborto. Fui para casa banhada em lágrimas" – escreve esta mãe.
E continua contando que teve uma menina. Os anos passaram e esta sua filha tem hoje 13 anos. "Quando olho para ela, sinto sempre um misto de alegria e amargura. Eu fiz tudo para que ela não vivesse. Se ela o soubesse iria odiar-me. O que mais temo é que ela um dia o venha mesmo a saber."

Lembrou-me esta confidência o caso de Franco Zeffirélli, cineasta de renome mundial, que realizou vários filmes, entre os quais "Jesus de Nazaré" e o "Campeão". Ele próprio conta :

"Sei bem o que significa nascer contra a vontade dos outros, pois sou filho ilegítimo".
Era realmente fruto de um duplo adultério: o pai, Ottorino Córsi, comerciante de seda, era casado; sua mãe, Adelaide Garósi, modista da alta sociedade florentina, casada era também.

"O meu nascimento foi um escândalo. A minha mãe, que era modista, perdeu toda a clientela da mais fina sociedade de Florença. Desde o primeiro momento teve que vencer mil obstáculos para que eu nascesse. Até a sua mãe (minha avó) queria que ela abortasse. Diziam que eu estaria condenado à rejeição social. Contudo, ela negou-se redondamente a abortar... Sou uma espécie de aborto fracassado; por isso aprecio mais o milagre da vida".
"Hoje falo destas coisas como se se tratasse doutra pessoa. Passar a infância em meio de situações irregulares, mas sempre ao afago do amor, isso é que teve influência em mim".


Zeffirélli passou grande parte da infância no "Abrigo dos Inocentes" de Florença, onde se recolhiam as crianças abandonadas.

13 comentários:

Maria João disse...

Para mim, a campanha do Não devem ser estes testemunhos. Testemunhos reais que fazem pensar a pessoa que não faz sentido usar uma t-shirt a dizer "Abortei", enquanto esboço um enorme sorriso.



beijos em Cristo

joaquim disse...

Concordo perfeitamente com a Maria João.
Aliás não faz sentido, quando alguns argumentos do sim se prendem com a amargura, a tristeza, a depressão, a dificuldade da decisão, que deixa sempre marcas, vir depois alegremente "anunciar": eu abortei!
Abraço em Cristo

Ver para crer disse...

Caros amigos Maria João e Joaquim:

Tenho ouvido algumas confidências de mulheres que abortaram e sinto pena de tanta amargura.
Valia a pena que algumas viessem para a televisão - se lhes dessem essa hipótese - avisar outras que tivessem a tentação de abortarem.

João Moutinho disse...

A grande questão é que por mais brilhente que seja a retórica de um qualquer dos lados o aborto é um assassinato. Algo de profundamente contra-natura.
Não sei se referi isto neste blog. Mas caminhamos para uma sociedade cruel com um culto da perfeição física a esboçar por vezes quase uma paranóia e numa vivência diária a desprezar os mais fracos -caso dos deficientes que podem ser eliminados por o serem.

Ver para crer disse...

Boa tarde!
Completamente de acordo. Embora a palavra assassinato seja um pouco dura. Mas que se destrói um ser humano, não tenho dúvida.

Lai disse...

Ver para crer,

Obrigada pela sua presença lá no "outro lado do monte"...volte sempre...

Quanto a este assunto do aborto, a palavra de Deus aconselha-nos a:

"Não feches a boca se puderes contribuir para ajudar os que não sabem ou não têm meios de se defenderem.
Não te cales; deves interferir sempre a favor dos necessitados,
exigindo que se lhes faça justiça"
Proverbios 31:8-9

Neste caso que possamos CONTRIBUIR para ajudar os que não sabem ou os que não tem meios para se defenderem...pensando sempre que CRISTO morreu por TODOS!

Deus te abençõe
Lai

Ver para crer disse...

Lai:
Esta palavra de Deus que deixaste neste comentário é muito oportuna.
Obrigado.

Andante disse...

O problema não é dar a cara, o problema é ter que enfrentar a vergonha de um acto irreflectido.
Dizer: "Eu abortei" não é um acto de coragem, pois muitas das pessoas que usam as tais T-shirts nunca o fizeram e, ao usá-las pensam que vão ser aceites por uma certa franja da sociedade mais "in".

Isto é muito sério e, todos somos poucos e precisamos de trabalhar muito para que vença o não.

Beijos peregrinos

Anónimo disse...

A religião é a coisa mais infecta com a Humanidade tem de lidar, e a principal responsável pelos grandes males que conspurcam as nossas mentes e o nosso mundo. Podem citar a Bíblia as vezes que quiserem, e exibirem a vossa verborreia de falsa virtude, que em nada alterará a verdadeira natureza nefasta de qualquer religião.

erute disse...

Na realidade os testemunhos reais têm sempre muito mais impacto, mas de certo que é complicado quem tentou ou realizou o aborto reconhecê-lo perante o pais inteiro...
Acho que devia partir do nosso governo fazer algo de útil no país pela VIDA e não para tentar que tenhamos menos cidadãos e dessa forma haver "vidas mais dignas"...

Em contra-corrente disse...

Esta é a minha resposta ao anónimo.
Desculpa, amigo, que não concorde contigo.O mundo é mau mas se não fossem as religiões ainda seria pior.
Não sei se tens alguma experiência menos boa na vida. É nessas ocasiões que a religião nos dá conforto e ajuda para as superar.
Qualque sociólogo ou médico te diz que a religião refreia os maus ímpetos do homem, seja para o suicídio, seja para fazer mal aos outros.
Se te baseias no terrorismo de alguns que se dizem religiosos, acredita que esses só se servem da religião, não a servem nem o seu deus.
Se é por causa do aborto, crê que o aborto é sempre um mal, embora em alguns casos a pessoa que o faça tenha desculpa.
Mas uma coisa é desculpar outra torná-lo aceitável em qualquer circunstância.
Para a próxima procura dar a cara. É mais de homem.

Caros Amigos disse...

Ainda não consegui compreender porque alguns políticos se batem tanto pela liberalização do aborto.
Tanto em Portugal como no estrangeiro.
Será que é preciso dar liberdade às mulheres para abortarem até às 10 semanas? Não havia outros meios de as não levar como rés aos tribunais, castigando apenas os que vivem de fazer abortos?

Vítor Ramalho disse...

Parabéns pelo blogue.
Vamos lutar pela vida contra a cultura da morte.