terça-feira, dezembro 16, 2008

O exemplo de um médico

Joaquim Isabelinha, médico oftalmologista de Santarém, completou um século de vida na última sexta-feira, dia 5 de Dezembro, e acaba de ser homenageado, durante um almoço, por centenas de amigos. E ainda há quatro anos atendia pessoas no seu consultório, juntamente com o filho.
O médico ainda recorda pormenores de sua vida de estudante e de jogador da Académica. Gosta muito de História, daquela que "revela a presença de Portugal no mundo", e de livros religiosos. "Já li muitas vezes o livro dos pastorinhos e quando acabo de ler até dou um beijinho", conta.
"Gosto muito de ajudar e até deixei de sair, de fazer viagens e coisas assim para ter dinheiro para dar", conta sorrindo, lembrando que "apesar das pernas não estarem muito bem" ainda vai à igreja e dá as suas esmolas.
Com a ajuda de um pequeno "andarilho", Joaquim Isabelinha continua a sair de casa. "Vou ali ao Tico-tico e às vezes pago uns almoços aos pobres". Para além disso gosta de andar com rebuçados no bolso para dar às crianças, tantas vezes netos ou filhos dos que ajudou. Não é por acaso que é conhecido por mé dico dos pobres.
Viúvo, com um filho também oftalmologista, três netos, dois dos quais a estudar medicina – e uma bisneta que "é um encanto" – o médico reformado gosta de conversar e não esquece pormenores de uma vida "de trabalho", mas também animada pelos muitos amigos que foi tendo.A sua longevidade, assegura, deve-se ao facto de "nunca ter perdido noites".
Enaltece as duas senhoras que tomam conta dele, uma há 18 e outra há mais de 24 anos, e diz que ultimamente até o ensinaram a cantar. E é com lágrimas nos olhos que recorda Filipe dos Santos, seu colega de curso e "um grande médico". Nasceu em Cabo Verde e veio para Portugal estudar. "Tinha impressão desagradável das pessoas e pensava que seria mal recebido por causa da cor. Afinal foi o contrário", conta o médico, recordando que tal como ele, Filipe dos Santos também foi jogador da Académica, e quando "passava pela rua, vinham todos abraçá-lo".São pessoas como este médico que nos ajudam a acreditar no futuro da humanidade.

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