terça-feira, maio 15, 2007

O capitalismo no seu melhor


Nos três primeiros meses de 2007, os cinco maiores bancos a operar em Portugal lucraram 783 milhões de euros. Desde há uns anos que os lucros dos bancos portugueses têm crescido enormemente. A crise que os portugueses vivem tem servido para aumentar as receitas bancárias, com uma publicidade que há muito devia ter sido proibida. E tudo isto tem servido para arruinar milhares e milhares de famílias, muitas delas a iniciar a sua vida.

Há dias chegou-me pela internet o seguinte desabafo:
«A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores – principescamente pagos – daquela instituição bancária».
Nesta carta circular «o estimado/a cliente é confrontado com a informação de que, para continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, terá de ter em cada trimestre um saldo médio superior a 1 000 euros, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras associadas à respectiva conta. Ora sucede que muitas contas da CGD, designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal. É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de 243,45 euros – que para ter direito ao piedoso subsídio diário de 7,57 € (sete euros e cinquenta e sete cêntimos!) foi forçado a abrir conta na CGD por determinação expressa da Segurança Social para receber a reforma».

Exigir que cidadãos que vivem abaixo do limiar da pobreza paguem manutenções de contas que foram obrigados a abrir para receber uma magra pensão de sobrevivência é uma injustiça que brada aos céus. Que um governo dito socialista não combata estes atropelos é sintoma de que se deixou dominar pelo capital.
Como escreve o autor do citado desabafo, «esta é a face brutal do capitalismo selvagem que nos servem sob a capa da democracia, em que até a esmola paga taxa. Sem respeito pela dignidade humana e sem qualquer resquício de decência, com o único objectivo de acumular mais e mais lucros, eis os administradores de sucesso».

6 comentários:

Anónimo disse...

Ninguém sacia a ganância dos ricos.
São como sanguessugas.

antonio disse...

Os impérios caiem por uma questão de ecologia.

Quando toda a riqueza se concentra em apenas 10% da população, estes para continuar a crescer têm que explorar ainda mais os restantes 90%. É preciso raspar a panela (já) vazia do mais pobre.

Esta classe rapidamente conduz os 90% da população restante ao seu limiar de sobrevivência (esse limiar depende muito da nossa percepção: a classe média tem uma noção diferente da de um emigrante, por exemplo).

Mas se concebermos a nossa sociedade como um ecosistema em equilíbrio, este rompe-se, quando se dá esta exaustão dos recursos.

Existe um limiar de pobreza que não se pode ultrapassar e estamos prestes a atingi-lo!

Maria João disse...

Coitado de quem precisa.

Não há mal em se ser rico, o problema está se não se partilha com os mais necessitados e, claro, se somos honestos nas contas. ~

beijos em Cristo

joaquim disse...

«É coisa manifesta, como nos nossos tempos não só se amontoam riquezas, mas acumula-se um poder imenso e um verdadeiro despotismo económico nas mãos de poucos, que as mais das vezes não são senhores, mas simples depositários e administradores de capitais alheios, com que negoceiam a seu talante. Este despotismo torna-se intolerável naqueles que, tendo nas suas mãos o dinheiro, são também senhores absolutos do crédito e por isso dispõem do sangue de que vive toda a economia, e manipulam de tal maneira a alma da mesma, que não pode respirar sem sua licença. Este acumular de poderio e recursos, nota característica da economia actual, é consequência lógica da concorrência desenfreada, à qual só podem sobreviver os mais fortes, isto é, ordinariamente os mais violentos competidores e que menos sofrem de escrúpulos de consciência. Por outra parte este mesmo acumular de poderio gera três espécies de luta pelo predomínio : primeiro luta-se por alcançar o predomínio económico; depois combate-se renhidamente por obter predomínio no governo da nação, a fim de poder abusar do seu nome, forças e autoridade nas lutas económicas; enfim lutam os Estados entre si, empregando cada um deles a força e influência política para promover as vantagens económicas dos seus cidadãos, ou ao contrário empregando as forças e predomínio económico para resolver as questões políticas, que surgem entre as nações.»
Quadragesimo Anno - Pio XI

Escrito há tanto tempo e tão actual!!!

Abraço em Cristo

Catequista disse...

Os ricos vão crescendo à conta dos pobres, que pouco têm e cada vez menos.

Um abraço

Anónimo disse...

E quando eles se lembramn de impingir o cartão Caixa Classica e o pessoal não adere e dois anos depois o renovam e cobram 25 aéreos pela renovação de algo que nunca foi objecto de aderência? Pois, aconteceu comigo há pouco tempo!