terça-feira, outubro 10, 2006

Heresias antigas e actuais (2)


Como vimos, as heresias foram muitas logo no princípio da Igreja e algumas dessas e muitas outras foram renascendo ao longo dos séculos. Para tratar deste tema com alguma minúcia, precisávamos de escrever um grosso volume. Como se trata de pequenos artigos de divulgação, limitamo-nos a fazer alguma referência àquelas que tiveram maior projecção.

Entre estas está o Montanismo que é um movimento surgido no cristianismo do século segundo, iniciado por Montano. Os montanistas declaravam-se possuídos pelo Espírito Santo e, por isso, profetizavam. Segundo estas profecias, uma outra era cristã se iniciava com a chegada da nova revelação que – diziam – lhes tinha sido concedida.

Fez muitas predições proféticas enganosas, pois jamais foram cumpridas, como a de que a aldeia de Pepuza, na Frígia, seria a Nova Jerusalém. Proibia certos alimentos, exigia jejuns prolongados e não permitia o casamento de viúvas, como também negava o perdão de pecados graves ao novo convertido, mesmo após o baptismo (com confissão e arrependimento). Montano queria fundar uma nova ordem e reivindicar seu movimento como sendo um movimento especial na história da salvação.


Alguns pentecostais reivindicam para si, hoje, o movimento como sendo o antecessor do movimento pentecostal actual.

Outra heresia que se espalhou muito foi o Arianismo, que recebeu o nome do seu iniciador. Ario, padre da Igreja de Alexandria, suscitou, com sua doutrina, polémicas que alastraram por toda a cristandade. Este sacerdote ensinava que só o Pai Eterno era um Deus verdadeiro, o princípio de todos os seres. O Cristo (Verbo de Deus) tinha sido feito por Ele como instrumento para a criação do mundo, pois a divindade transcendente não podia colocar-se em contacto com a matéria. Cristo, inferior e limitado, não possuía o mesmo poder divino, mas se situava entre o Pai e os homens, sem se confundir com nenhuma das naturezas, por se constituir num semi-Deus.

Um primeiro sínodo de bispos, em Alexandria, expulsou Ario da comunhão eclesiástica, mas dois outros concílios fora do Egipto condenaram a decisão e reabilitaram o sacerdote.Sucederam-se, a partir de então, sínodos contra sínodos, excomunhões contra excomunhões, bispos contra bispos. A luta chegou a ameaçar a unidade da Igreja e, ante o perigo de fragmentar também o Império, Constantino decidiu convocar, em 325, um concílio universal, para toda a cristandade. Definiu-se aí a doutrina resumida no chamado Símbolo de Niceia, contrária às propostas arianas. A maioria dos prelados condenou a doutrina de Ario como herética, e o imperador Constantino perseguiu os que se opunham às decisões desse concílio. Mas com a intrusão do imperador nas decisões dogmáticas, os problemas se complicaram. O próprio Constantino reabilitou o arianismo e o seu filho Constâncio quis impô-lo como doutrina ortodoxa. Valeu a assistência do Espírito Santo, que não deixou que a Sua Igreja resvalasse para a heresia.

M. V. P.

2 comentários:

Ver para crer disse...

Heresia ariana continua tentando a Igreja, reconhece cardeal Bertone
numa entrevista concedida ao jornal chileno «El Mercurio»

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 9 de outubro de 2006 (ZENIT.org).- O cardeal Tarcisio Bertone, S.D.B., novo secretário de Estado vaticano, considera que, como em séculos passados, a Igreja continua experimentando a tenção da heresia ariana, ou seja, a concepção segundo a qual Cristo não é Deus.

Em uma entrevista concedida a Jaime Antúnez, para o jornal chileno «El Mercurio», o principal colaborador de Bento XVI no governo do Vaticano desde 15 de setembro reconhece que «um dos principais problemas de nosso tempo é o problema da cristologia», segundo a qual se considera Cristo somente como «um grande homem».

«Se a divindade de Cristo é posta em dúvida...», põe-se em dúvida o fundamento do cristianismo, reconhece, recordando a doutrina de Ário (256-336), sacerdote de Alexandria e depois bispo, que desde 318 negou a divindade da segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Verbo.

Sintomas desta negação da divindade de Jesus são, por exemplo, o sucesso de «O Código da Vinci», apesar de sua trama se basear em «invenções novelescas absolutamente vergonhosas», reconhece o purpurado italiano.

«Mas vemos também que inclusive na elaboração de certa teologia se põe em dúvida a divindade e a unicidade salvífica de Cristo, único Salvador», reconhece.

«Esta redução cristológica trai a fé da Igreja nascente e dos grandes concílios cristológicos, de Nicéia, Constantinopla e Calcedônia. É uma autêntica traição e um desmentido à fé de nossos pais», recorda.

Segundo o cardeal Bertone, «é necessário, pois, voltar à fé cristológica, à centralidade de Cristo, verdadeiro Deus e, portanto, único Salvador».

Mas, segundo o secretário de Estado, a Igreja não só enfrenta a ameaça do arianismo, mas também de um novo «pelagianismo», uma das heresias de maior peso na história da Igreja, surgida no século V.

«Este erro de pensar que podemos construir uma Igreja por nós mesmos, e de achar possível salvar-se por si mesmos, sem a graça e a ajuda do Senhor», indica.

«São perigos recorrentes que aparecem sucessivamente na história», reconhece.

Estes dois desafios foram discutidos pela declaração «Dominus Iesus», «sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja», firmada pelos então cardeal Joseph Ratzinger e pelo arcebispo Tarcisio Bertone, em qualidade de prefeito e secretário da Congregação para a Doutrina da Fé.

caminante disse...

Caro Ver para Creer: diagnóstico acertado.
Si te sirve, te envío una síntesis de lo que pasó en los últimos cuatrocientos años:
Siglo XV: Lutero quita a Jesucristo su Iglesia.
Siglo XVII: Descartes quita jesucristo a Dios.
SiglonXIX-XX: Marx quita a Dios para poner al Hombre.
Siglo XX-XXI: Satanás quita al hombre para ponerse él, el que siempre ha estado detrás de todo este proceso.
Es una síntesis muy apretada pero me ñparece acertada.
El Demo nio repite lo mismo siempre.
Un fortísimo abrazo.