quinta-feira, setembro 21, 2006

Constantino e a Fé cristã



Há quem afirme que foi o imperador romano que impôs a Bíblia actual e obrigou todos os cristãos a obedecer ao bispo de Roma – o Papa. O imperador teria sido mesmo o verdadeiro chefe da Igreja.
Nada mais falso. Constantino legalizou e apoiou a cristandade no tempo em que se tornou imperador, com o Édito de Milão, mas também não tornou o paganismo ilegal ou fez do cristianismo a religião estatal.


Nascido por volta do 271, Constantino, que ficou na história com o cognome de Magno, passou grande parte da sua vida a guerrear os seus opositores. A sua vitória em 312 sobre Maxêncio na Batalha da Ponte Mílvio resultou na sua ascensão ao título de Augusto Ocidental, ou soberano da totalidade da metade ocidental do império. Ele consolidou gradualmente a sua superioridade militar sobre os seus rivais com o esfarelamento da Tetrarquia até 324, quando ele derrotou o imperador oriental Licínio, tornando-se imperador único.


Não foi por motivos religiosos que ele deu liberdade aos cristãos, em 313, ou convocou o Concílio de Niceia, em 325. Foi a sua visão de político sagaz que o levou a apostar na religião que se tinha imposto no Império do Ocidente e do Oriente e que agora queria que não fosse motivo de mais desuniões.


Se ele se tivesse convertido deveras à nova Fé, não teria feito os crimes que a história lhe aponta: matou, já depois do Concílio de Niceia, o seu próprio filho Crispus. Sufocou depois sua mulher Fausta num banho sobreaquecido. Mandou também estrangular o marido de sua irmã, e chicotear até à morte o filho de sua irmã.


A convocação do Concílio de Niceia foi um acto político como já disse acima, para resolver as divergências doutrinais originadas pelo arianismo, de que falarei noutro artigo. Constantino facilitou transportes e fez tudo para todas as diversas Igrejas estarem representadas. Conseguiu juntar umas trezentas pessoas. De Roma seguiram apenas quatro padres e o Papa não esteve presente, decerto por não concordar que a iniciativa viesse do imperador, ainda por cima pagão, não baptizado. Mas como as resoluções desse concílio acabaram por ser concordes com a doutrina oficial da Igreja de Roma, aceitou-as de bom grado.


Constantino só foi baptizado e cristianizado no final da vida. Ironicamente, este imperador poderá ter favorecido o lado perdedor da questão ariana, uma vez que ele foi baptizado por um bispo ariano, Eusébio de Nicomedia.

4 comentários:

PDivulg disse...

Um pouco de história não faz mal a ninguém, aqui está um grande marco das nossas origens religiosas. Bom fim de semana!

Ver para crer disse...

pdivulg:
Como sabes, Constantino é usado e abusado como tendo estado conluiado com a Igreja católica desse tempo. Disso teriam surgido as piores coisas para o cristianismo.
Nada mais errado. Se a liberdade trouxe consequências negativas, não acusemos quem no-la deu. SE não temos que culpar Deus que quis que o homem fosse livre.
Um abraço e bom fim de semana.

Anónimo disse...

Gostei de ler a biografia de Constantino. Já várias vezes testemunhas de Jeová me falaram dele como o fundador da Igreja Católica Romana. O que, pelo que escreve, não é verdade.
Fico contente em saber isso. Pensei que ele tinha tido o mesmo papel que Russel a respeito das Testemunhas de Jeová.
Joaquim Costa

Anónimo disse...

Interessantisimo o decorrer da vida de Constantino, e fica claro que ele impusionou a religiosidade catolica romana, mesmo que por enteresses proprios... Mas ajudou.
Uma beiojo e uma boa semana...