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quinta-feira, fevereiro 15, 2007
Palavras leva-as o vento
Com facilidade se ouve criticar a Igreja ora pelo que faz ora pelo que não faz. Criticar é fácil!
Um dia numa reunião de grupos cristãos de apoio social alguém dizia que na cidade onde vivia, no caso Coimbra, havia muita gente a precisar de ajuda e não conhecia ninguém que levantasse uma palha.
O que dirigia a reunião perguntou-lhe onde morava. Lá lhe disse a rua e a cidade. Calhou que aquele homem vivia mesmo numa rua onde funcionavam três serviços de apoio social da Igreja. E ele não conhecia nenhum! Nem o que lhe ficava mais próximo...
Corria acesa a campanha eleitoral na Bélgica. Um deputado comunista dirigia a palavra a milhares de operários, em Bruxelas. Depois de ter apregoado a liberdade, criticado o capital, defendido as nacionalizações, elogiado os trabalhadores, exaltado o povo, atacou duma maneira agreste e desenfreada a Igreja Católica.
Acabado o discurso, perguntou se alguém desejava tomar a palavra. Adiantou-se um operário que disse assim:
– Eu não estudei, e não sei responder ao que disse o orador. Conto apenas um caso:
Há meses adoeceram os meus dois filhos. Uma freira vinha com frequência visitá-los, trazendo-lhes sempre alguma ajuda. As crianças curaram-se. Como a doença era contagiosa, a minha mulher caiu de cama, logo a seguir, com o mesmo mal. A Irmã levou as duas crianças porque ninguém em casa podia tratar delas. Tomou também sobre si o cuidado da minha mulher, que finalmente começou a levantar-se. Então caí doente também eu, mas a Irmã vinha sempre visitar-nos, trazia remédios, ajudava a minha mulher na vida da casa e tratava-me com muito jeito e caridade. Por último a Irmã contraiu também uma doença e não a tornámos mais a ver. Soube hoje que morreu. Não tenho mais a dizer (Mensageiro do Coração de Jesus, de Itália, 1951).
A impressão causada por estas palavras não se descreve. A palavra humilde e sincera daquele operário valeu mais que todos os argumentos.
Disse Jesus: «Conhecerão todos que sois meus discípulos se tiverdes caridade uns para com os outros» (Jo 13, 35). E o apóstolo São João: «Filhinhos, não amemos de palavras e com a língua, mas por obras e de verdade. (1 Jo 3, 1f3).
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9 comentários:
Realmente é muito fácil criticar tudo e todos e sobretudo a Igreja.
Muitas vezes são aqueles que estão na Igreja que criticam e em vez de dizerem: "nós", dizem "eles Igreja" o que revela bem o conceito que têm de Igreja.
Mas o que é verdade, a meu ver, é que aqueles que mais criticam, são muitas vezes aqueles que menos se empenham.
Nas reuniões que acontecem nas paróquias para se decidir fazer alguma coisa em que é preciso ajuda, é vê-los a olhar para o céu, "muito distraidos" como se não fosse nada com eles.
Ai desculpa, que também eu estou muito critico, mas eu tenho constatado isto que digo.
Depois há os outros que criticam, mas não fazem a minima ideia do que é a Igreja, nem de nada do que a Igreja fez e faz.
Ouviram falar na Inquisição e outras coisas, e isso lhes basta!!!
Mas como nós Igreja, nada fazemos, (ou deviamos fazer), para nossa glória, mas sim para glória de Deus e bem dos nossos irmãos, quaisquer que eles sejam, deixemos falar e continuemos a trabalhar.
Mas que ás vezes dá vontade de...
lá isso dá.
Abraço em Cristo
É mais fácil falar do que fazer.
E penso que quem mais critica é quem menos faz. Pelos outros!...
Se fôssemos investigar os que mais falam neste país sobre o que os outros não fazem em favor dos mais desfavorecidos, penso que teríamos matéria para um bom estudo sobre o maldizer.
Quem se abalança a isso?
Caramba. è mesmo isso. As evidências só não as vêem quem as não quer ver!!! Eu fico triste porque mal acontece algo que não gostamos ou não concordamos e somos ofuscados pelas coisas boas que a vida tem. entendes, não é?
Eu lembro em tempos: eu fui educador num seminário e deitei-me muitas vezes tardiamente para cuidar de alguns alunos; inclusive tive de dar-lhes medicação com eles a dormir... O que eu fazia nesse tempo. Um dia a mãe de um deles, porque não gostou de uma decisão que foi uma embrulhada (nem sequer tinha sido eu o autor de tamanha embrulhada!!) nunca mais lembrou o que fizera pelo filho dela e criticou-me duramente. Lembro que na altura engoli em seco e com amor!!!
Amigo, deixei algo para ti no "Confessionário". Não é malandrice. Mas tem muita cor.
Ver para crer,
Há uns tempos, já anos passaram desde esses dias,eu também não me incluia como parte da Igreja, e ouvia dizer mal, e criticava há medida que o tempo foi passando fui aprofundando a minha relação com Deus e fui percebendo que também eu era parte da Igreja, que tanto criticava.
Iniciei a minha relação com a Igreja e comecei a aprofundar os meus conhecimentos, dei por mim a concordar com tudo o que no passado criticara, por fraqueza, por ignorância, por ser mais fácil.
Hoje reconheco me como parte da Igreja e dou a conhecer aos outros esta comunidade na qual me encontro inserida e que espalha o Amor de Deus.
Claro que esta comunidade tem defeitos e tem imperfeições porque é feita de humanos, tem tambem obras maravilhosas das quais nos devemos orgulhar, e membros fantasticos que é cada um de nós, como a freira que foi referida, membros iluminados pelo Espirito Santo que dão a conhecer o Amor de Cristo.
Sejamos capazes de Conhecer a Igreja e não criticar sem saber do que falamos, rezo para que isto seja possivel.
Um grande beijinho em Cristo
Temos mais preocupação em criticar do que em fazer algo para mudar aquilo de que não gostamos. Parece ser um defeito de fabrico de todo o ser humano, mas cabe a cada um de nós mudar, ir contra a corrente que nos faz parecer a todos uns autênticos "Velhos do Restelo". É nosso dever, como cristãos, dar o exemplo, mesmo que tenhamos de fazer como o Confessionário "engolir em seco e com amor".
Um abraço
Também já vivi afastada da Igreja e acho que o grande problema é que as pessoas não se informam. Têm (eu também tive) muitos preconceitos e estereótipos, mas não pensam em se informar e tentar compreender por que é que a Igreja pensa de uma maneira e não de outra.
Além disso, só olham para o lado mau. O lado bom não interessa. Lá está, é mais fácil falar mal...
Acho que vale a pena ler:
«A enorme derrota da Igreja
João César das Neves no D.N.
Professor universitário
naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Agora que assentou a poeira à volta do referendo é possível ver com clareza: foi uma enorme derrota para a Igreja. É algo exagerado identificar o "não" com a Igreja católica, mas não muito. Ela foi a única grande entidade que se empenhou a fundo na luta desse lado e perdeu largamente.
Pode falar-se na parcialidade da imprensa e no poder do Governo, na manipulação da pergunta e nos enganos dos opositores, na subida dos votos do "não" e na elevação do debate. Pode dizer-se que foi uma derrota galharda e honrosa, mas indiscutivelmente uma enorme derrota da Igreja, da sua moral, cultura e forma de ver o mundo.
A Igreja está habituada a perder. Aliás a vitória de há oito anos é que foi uma extraordinária excepção numa longa sequência de importantes baixas. São tantas as derrotas históricas que surpreende até como a Igreja consegue sobreviver e manter tanta influência. Mas não é apenas desse modo que a derrota é normal. Trata-se de um elemento básico e inato. O cristianismo é a religião da cruz e dos mártires. O seu Deus foi flagelado, coroado de espinhos, pendurado num madeiro até morrer. A fé cristã é o reino dos pobres e dos humildes.
No dia do referendo em todas as missas do mundo foi lido: "Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos expulsarem, vos insultarem e rejeitarem o vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, pois a vossa recompensa será grande no Céu. (...) Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis! Ai de vós, quando todos disserem bem de vós! Era precisamente assim que os pais deles tratavam os falsos profetas" (Lc 6, 21-26). Os cristãos não vivem da derrota. Mas também não vivem para a vitória. Vivem da ressurreição, que só acontece depois da morte. Três dias depois.
O pior é que, quando a Igreja perde, quase ninguém ganha. A Igreja está preparada para perder, mas Portugal perde mais quando ela perde. Muitos dos que votaram "sim" no referendo viverão o suficiente para virem a lamentar a sua escolha. Quando os números do aborto dispararem, quando se sofrerem as consequências psicológicas, familiares, médicas, sociológicas, económicas do aborto livre, nessa altura perceberão a futilidade dos argumentos que os convenceram no dia 11. O facilitismo e superficialidade com que pretenderam "arrumar a questão" virá a cair sobre os próprios. Certamente haverá menos crianças abandonadas, menos deficientes, menos criminosos. Só mais cadáveres pequeninos.
O aborto a pedido e pago pelo Sistema Nacional de Saúde assolará sobretudo as classes mais pobres, onde a tentação será mais forte. Paradoxalmente, como noutros países, isso minará a base eleitoral dos partidos de Esquerda. Haverá menos crianças a correr nos bairros de lata; menos crianças a correr nos infantários. Haverá menos crianças em todo o lado. Haverá menos portugueses. O que aumentará é o número de gravidezes indesejadas. Iremos ver bem quão elástico é o conceito de "indesejado".
Outra característica das derrotas da Igreja é que depois ela continua sempre a lutar. Estas previsões catastróficas são ainda evitáveis. Certos da ressurreição e com os olhos fixos no Céu, os cristãos esperam contra toda a esperança. É só por isso que "sangue de mártires é semente de cristãos". Qualquer que seja a idade dos mártires.
Assim, a luta pela vida continuará, hoje como ontem. Se os defensores do aborto persistiram após 1998, ninguém negará agora o mesmo direito ao outro lado. A luta continuará até na frente jurídica. O embuste da pergunta e da campanha fez com que a única coisa realmente referendada fosse a despenalização. Alguns acham-se com legitimidade para aprovar uma lei de banalização do aborto, mas isso é claramente lateral ao referendo. Há ainda muitas instâncias capazes de defender o princípio constitucional de que "a vida humana é inviolável" (art. 24.º n.º 1).
Se essas leis vierem a passar, o drama do aborto cairá sobre o sector de saúde, acrescentando mais problemas aos que já tem. A luta pela vida passará então pelo apoio à dignidade ética da função médica.
Sobretudo a vida só se defende na vida. Na vida concreta de cada mãe abandonada, de cada criança indesejada. As dezenas de instituições específicas e os milhões de cristãos anónimos continuarão a trabalhar. Mesmo derrotada, a Igreja mostra sempre o caminho para a verdade e a vida.»
Realmente é mesmo assim como tu bem escreveste, temos mais boca que coração e mãos.
Que Deus nos ajude a agir mais a falar menos.
Abraços.
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