quinta-feira, novembro 27, 2008

Crianças difíceis


Segundo os jornais, nos últimos três anos, mais de 70 crianças que foram acolhidas por uma família para adopção foram devolvidas às instituições, segundo números oficiais. Os casais de pré-adopção não conseguiram uma boa relação com estes menores.
Por aqui se vê que não é fácil educar nos tempos que correm. E acusações que por vezes se fazem às instituições de acolhimento de gente nova a maior parte das vezes não têm qualquer fundamento.

Actualmente até os pais têm dificuldades em lidar com os filhos. Daí o crescente fenómeno de famílias em que os pais são maltratados pelos filhos. Este foi mesmo o tema central de um encontro que se realizou nos passados dias 27 e 28 de Novembro, no Porto, com a participação de especialistas portugueses e estrangeiros.
"No futuro, o grande desafio para pais e educadores será encontrar um equilíbrio entre a difícil tarefa de educar e os limites que o amor impõe", salientou hoje, à Lusa, uma fonte ligada à organização do encontro. A iniciativa, promovida pela Crescer-Ser - Associação Portuguesa para os Direitos dos Menores e da Família, surge numa altura em que "começa a ter uma expressão preocupante em Portugal o fenómeno das famílias maltratadas pelos filhos".

O primeiro provedor de menores em Espanha, Javier Urra, foi um dos participantes neste encontro, onde abordou o problema da comunicação entre pais e filhos, numa análise da difícil relação entre jovens e adultos. Javier Urra, psicólogo forense, é o autor do livro 'O Pequeno Ditador', onde defende que os limites e as regras são fundamentais na educação das crianças.
O livro, que já vendeu mais de 180 mil exemplares em Espanha e cerca de 20 mil em Portugal, pretende ajudar os pais a evitar que os filhos se transformem em pequenos ditadores, segundo admitiu o autor em declarações públicas.

Claro que a culpa não é só das crianças e dos pais. O ritmo frenético de vida que levamos actualmente, com diversas atribuições a serem cumpridas e uma profusão enorme de informações absorvidas até mesmo involuntariamente, não afecta apenas os adultos, esses seres ansiosos e estressados. As crianças também estão cada vez mais no alvo maléfico desse turbilhão, com consequências nefastas aos pequenos.

domingo, novembro 23, 2008

À espera do Senhor Jesus

Entramos hoje no Advento, tempo no qual a Igreja celebra a espera do Salvador. Sim, porque ele foi esperado. E esperado ansiosamente, de modo que não é somente o Enviado do Pai, mas também o Esperado por nós! «Mais que o vigia pela aurora, mais que a terra pelo sol nascente, mais que a flor pelo orvalho, nós o esperamos» - escreve o salmista.
Primeiramente, o esperado por Israel, o Povo eleito. Esperado porque Deus o prometera a Abraão, aos Patriarcas, a Moisés, a David, aos Profetas. Deus prometera... e quando Deus promete, não falha jamais!
Mas o Salvador que Deus nos enviou foi também esperado pelos pagãos, por todos os povos! É uma ideia de que nem sempre nos lembramos e, no entanto, é um aspecto importante do Advento: os pagãos desejaram o Salvador! Como pode ser isso? É verdade: eles não conheciam as promessas de Deus; eles não conheciam o Deus verdadeiro; eles não sabiam nada a respeito do Messias... Mas eles tinham e têm ainda no coração um desejo louco de paz, uma sede insaciável de verdade, de vida, de amor... sede que Deus mesmo colocou nos seus corações para que sem saberem, às apalpadelas, buscassem Aquele único que pode dar repouso ao coração humano.
Enquanto nós cristãos preparamos o Natal do Senhor, abrimos também o horizonte para o dia da Sua vinda definitiva, que o Credo Apostólico diz que é para "para julgar os vivos e os mortos". O Senhor que veio em nossa carne, prepara um mundo novo, "que olho nenhum viu, ouvido nenhum escutou, sentido algum experimentou o que Deus preparou para os seus".Esta é a esperança que celebramos no Advento e que deve despertar em nós o desejo de nos voltarmos para Deus, de acolher aquele que se diz: "Emanuel", Deus connosco. Devemos abrir-nos para o transcendente, para valores espirituais, para imitar o Filho de Deus, que nos amou até ao fim.

sexta-feira, novembro 21, 2008

A linguagem de Deus


O João Lucas, que conheci há anos mas que não sabia onde parava, mandou-me o livro de Francis Collins, “A linguagem de Deus”. Francis S. Collins não é um escritor ou cientista qualquer. É um dos biólogos mais destacados dos Estados Unidos e o que chefiou a equipa que decifrou o mapa do Genoma Humano em 2001.
Desde então tem sido o cientista que mais rastreou genes com vista ao tratamento de doenças em todo o mundo.
Collins é conhecido também por pertencer a um grupo de notáveis cientistas cujo compromisso com a investigação do mundo natural não impede a profissão da fé religiosa.
Nas 300 páginas da obra o biólogo conta como deixou de ser ateu para se tornar cristão aos 27 anos e afirma que as pessoas precisam tanto da ciência como da religião. Elas não são incompatíveis, mas complementares, explica o cientista.
Houve um período em minha vida em que era conveniente não acreditar em Deus. Eu era jovem, e a física, a química, a matemática, pareciam ter todas as respostas para os mistérios da vida. Reduzir tudo a equações era uma forma de exercer total controle sobre meu mundo. Percebi que a ciência não substitui a religião quando ingressei na escola de medicina. Vi pessoas sofrendo de males terríveis. Uma delas depois de me contar sobre sua fé e como conseguia forças para superar a doença, perguntou-me em que eu acreditava. Disse-lhe que não acreditava em nada. Pareceu-me uma resposta vaga, uma frase feita de um cientista, ingénuo, que se achava capaz de tirar conclusões sobre um assunto tão profundo e negar a evidência de que existe algo maior do que equações. Eu tinha 27 anos. Não passava de um rapaz insolente. Estava negando a possibilidade de haver algo capaz de explicar questões para as quais nunca encontramos respostas, mas que movem o mundo e fazem as pessoas superar desafios.

A alguém que lhe perguntou se é possível acreditar nas teorias evolucionistas de Darwin e em Deus ao mesmo tempo, ele respondeu:
– Com certeza. Se no começo dos tempos Deus escolheu usar o mecanismo da evolução para criar a diversidade de vida que existe no planeta para produzir criaturas que à sua imagem tenham livre arbítrio, alma e capacidade de discernir entre o bem e o mal, quem somos nós para dizer que ele não deveria ter criado o mundo dessa forma.
E declarou a sua opinião sobre se os biólogos estão brincando como se fossem eles Deus?
– O importante é não reagir de forma exagerada à perspectiva de que as pessoas possam vir a fazer mau uso das descobertas da genética mas sim focar o bom lado dessa brincadeira. A maior parte das pesquisas genéticas buscam a cura de doenças como o cancro, problemas cardíacos, esquizofrenia. São objectivos louváveis. Para evitar o uso impróprio da ciência, o Projecto Genoma Humano, apoia um programa que visa preservar a ética nas pesquisas genéticas e certificar-se de que todas as nossas descobertas beneficiarão as pessoas e a sociedade.

terça-feira, novembro 18, 2008

Feitiçaria e quejandos


Muitas pessoas continuam a acreditar em bruxos e feiticeiros, em pleno século XXI. E devido a causas várias, tais práticas ganham relevo nas nossas sociedades modernas. É que, por mais que alguns digam o contrário, o homem é um ser espiritual e religioso, que acredita no sobrenatural e na intervenção de Deus ou de espíritos bons e maus na sua vida.
Feitiçaria designa a prática ou celebração de rituais, orações ou cultos com ou sem uso de amuletos ou talismãs (objectos ao qual são atribuídos poderes mágicos), por parte de adeptos do ocultismo com vista à obtenção de resultados, favores ou objectivos que, regra geral, não são da vontade de terceiros.
Sendo assim, esta prática vira-se contra terceiros e é considerada como uma forma de atentar contra a integridade física ou psicológica dos indivíduos ou das comunidades, ou contra os seus bens, sendo vista como perturbadora e mesmo prejudicial, pois tenta atingir objectivos ilícitos contra a vontade de terceiros.
Já o Antigo Testamento repudia frontalmente bruxarias e feitiçarias. Em Êxodo 22, 18, lê-se “Não permitirás que viva a feiticeira”. E S. Paulo entendia como “feiticeiro” aquele que praticava o intercâmbio com os demónios, que nos cultos pagãos eram tidos como deuses ou espíritos de mortos.
Um dos combates da Igreja foi sempre a bruxaria e feitiçaria. A conhecida Inquisição virava-se muitas vezes contra os que praticavam essas “artes”, umas vezes entregando à justiça dos soberanos os que eram acusados de tais práticas, outras vezes ilibando-os das acusações que os vizinhos ou outras pessoas lhes faziam. E, segundo consta, nos países onde não foi instituída a Inquisição, foram muitos os milhares de pessoas acusadas deste “ofício” e castigadas com a morte, em muito maior número e proporção das que foram condenadas pela referida instituição inquisitorial.
Há muita gente a ganhar a vida, explorando a crendice de incautos. Por isso há que estar de pé atrás e não recorrer a este género de pessoas para resolver problemas psíquicos ou de índole afectiva ou financeira. E também não se deixar influenciar psicologicamente por eventuais feitiços que lhes possam fazer. A confiança dum cristão deve ser depositada no poder de Deus, que é infinitamente mais forte que qualquer “espírito” ou feitiço.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Milagre da Fé


Segundo conta o Diário de Notícias, Antónia Vallejo, espanhola de Trigueros, perto de Huelva, foi a Fátima em cadeira de rodas, no dia 13 de Outubro passado, com a perna esquerda paralisada devido a uma cirurgia à bexiga que correu mal. Diz que sentiu um impulso para se levantar e foi o que fez. Acredita que foi um milagre da Virgem.
Quando o drama lhe bateu à porta, a sua vida deu uma volta de 180 graus. "Os dias não tinham significado e sentia que estava morta. Dependia do meu marido e não queria dar-lhe trabalho. Recebia a visita de vizinhos, amigos e familiares a as minhas netas perguntavam-me o que se passava. Mas, apesar de tudo, sempre acreditei que podia recuperar", refere Antónia Vallejo. O médico, em Huelva, é que não acreditava. Apesar do sofrimento, a senhora ia à missa. Mas para sair do seu apartamento, no primeiro andar, tinham de a ajudar a sair da cadeira de rodas, uma tarefa sempre difícil.
Milagre ou cura de ordem psíquica, o certo é que a Antónia salta de alegria como uma moça de 20 anos. Os exames médicos talvez possam dizer alguma coisa. A Igreja sem isso não se pronuncia.
Hoje ninguém tem dúvida de que a fé ajuda muito as pessoas a recuperarem dos seus males e das suas doenças. Harold Koenig foi pioneiro no estudo científico do potencial de cura da fé. Sua equipe reuniu provas convincentes de que a fé religiosa não apenas promove boa saúde geral, mas também ajuda na recuperação de doenças graves.
Num estudo envolvendo 455 idosos hospitalizados, por exemplo, Koenig observou que a média de internamento daqueles que frequentavam a igreja mais de uma vez por semana era de quatro dias. Os que nunca ou quase nunca iam à igreja permaneciam hospitalizados de 10 a 12 dias.
Um estudo da Faculdade de Medicina de Dartinouth revelou que a probabilidade de pacientes cardíacos morrerem após a cirurgia era 14 vezes maior entre aqueles que não participavam de actividades de grupo nem encontravam conforto na religião. Num prazo de seis meses após a cirurgia, 21 pacientes morreram – mas entre os 37 que se declararam "profundamente religiosos" não ocorreu nenhuma morte.
Cientistas em Israel estudaram 3.900 pessoas vivendo em kibutzim durante um período de 16 anos. A taxa de mortalidade relacionada com doenças cardiovasculares e cancro era 40% mais baixa nos indivíduos religiosos do que em seus pares sem religião.
Até por isso vale a pena ser religioso.

sábado, novembro 08, 2008

Razões para amar a Igreja


Neste fim de semana reflecte-se sobre a Igreja, aproveitando a celebração da Dedicação da Sede principal da Igreja Católica, a Igreja de S. João de Latrão.
Para isso resumi uum artigo que vi na internet, já não sei onde:

1. A Igreja nasceu do amor de Deus pelos homens. A primeira razão que me leva a amar a Igreja é que ela nasceu do sangue de Jesus Cristo. Como poderia eu amar a Cristo sem amar, ao mesmo tempo, aquilo pelo qual Ele deu a Sua vida? A Igreja – boa, má, medíocre, santa ou pecadora, tudo isso junto – foi e continua a ser a razão de Cristo se fazer homem e se deixar matar numa cruz.

2. A Igreja deu-me Cristo. Através dessa imensa cadeia de crentes – uns mais santos, outros mais pecadores – chegaram-me os seus ensinamentos e os seus sacramentos. A Igreja não é Cristo, bem sei. Ele é o absoluto, o fim; ela, apenas o meio. O cano não é a água que passa por ele, mas o cano é que me traz a água!

3. A Igreja tem muita gente boa. Que seria do mundo sem tanta gente que se entregou e entrega de alma e coração aos mais pobres e desprotegidos?! Há alguma outra instituição que tenha feito mais em favor dos que sofrem do que a Igreja? Foi também a Igreja que fundou os hospitais e as escolas. Conhecemos o que muitos autores antigos escreveram porque os frades foram fazendo cópias dos livros que se iam deteriorando. Muitas centenas de milhares de homens e mulheres da Igreja ainda hoje deixam o conforto das suas terras e famílias e partem para terras inóspitas para ajudarem os mais pobres.

4. A Igreja não é perfeita. Ela é composta por homens e mulheres, como tu e eu. Mas já viste que se ela fosse perfeita, não teríamos lugar nela!... A Igreja é medíocre por estar formada de pessoas como nós. Mas que seria se ela agora começasse a expulsar todos os que não fossem perfeitos?!...

5. A Igreja é a minha mãe. Gerou-me e continua a amamentar-me. Gostaria de poder dizer, como Orígenes, que "a Igreja arrebatou-me o coração. Ela é a minha pátria espiritual, a minha mãe e os meus irmãos". Não posso por isso deixar de a amar, apesar das suas imperfeições.

quarta-feira, novembro 05, 2008

A inveja é um sentimento ruim


A inveja é um dos sentimentos mais torpes e difíceis de serem eliminados da alma humana. Todos a conhecemos, muitos a sofremos e outros tantos a exercitam na forma como apreciam os outros. Parecendo quase inócuo, trata-se entretanto de um dos vícios que mais causa sofrimento à humanidade.
Uma mãe há dias desabafava comigo a propósito da formatura da filha:
– Sinto-me orgulhosa de ver a minha filha formada, mas nem imagina a inveja que isso tem provocado em certas pessoas. Que foi pena ela não ter escolhido outro curso. Que o que ela tirou não dá grandes hipóteses de emprego. Que a minha (dela) filha não foi para a universidade mas já tem um bom emprego. Que a minha, coitada, vai ter dificuldade em governar-se. Etc., etc..
Respondi-lhe que não ligasse, porque sempre ouvi dizer que a inveja é que faz falar.
Lembrei-me deste desabafo ao ler a seguinte história:
Um dia, um certo lavrador enquanto limpava o suor, olhou para um camionista que passava na estrada e disse para consigo:
– Feliz daquele camionista que ganha a vida sentado e à sombra. Ele pode viajar e conhecer o mundo, enquanto eu aqui agarrado à terra.
Por seu lado, o camionista, a um certo momento, foi ultrapassado por um carro de luxo, conduzido por um empresário. O camionista cobiçou esse carro dizendo:
– Quem me dera ter a vida de um empresário: bom automóvel, sem patrões, sem horários...
Mais à frente, o empresário teve de parar num semáforo e viu um avião. Disse então para consigo:
– Como deve ser agradável a vida de um piloto: viaja gratuitamente e conhece o mundo inteiro.
Entretanto, o piloto do avião avistou no meio de um campo um ponto escuro. Verificou que era um lavrador e disse para consigo:
Que bela deve ser a vida calma de um camponês. E eu aqui no ar, longe da minha família e dos meus amigos, nesta vida agitada de um lado para o outro. Como eu gostava de passar a vida no campo!
Lição desta história: todas as vidas têm as suas coisas boas e más. E a melhor coisa é cada um saber tirar o que de bom a sua vida contém.