quarta-feira, outubro 25, 2006

Heresias antigas e actuais (3)


O Pelagianismo surgiu na Igreja por volta do ano 400 e tem a ver com a necessidade ou não que o homem tem da Graça de Deus para se salvar. Pelágio, um monge anglo-saxónico, chegou à cidade de Roma, tendo ficado profundamente impressionado com a imoralidade do ambiente. Por isso, decidiu começar uma campanha de reforma profunda.

Nas suas pregações minimizava o poder da Graça de Deus em nossa salvação, atribuindo um valor demasiado às obras. Este monge achava que a crença de que a oração, os sacramentos e a Fé em Cristo chegavam para salvar o homem tinham levado as pessoas a comportar-se de maneira pouco cristã. Por isso dizia abertamente que as obras praticadas por cada um é que o salvavam ou condenavam.

Para Pelágio, o homem era capaz de salvar-se pelas suas próprias forças. Chegar à perfeição evangélica era coisa que estava ao alcance da capacidade humana. Bastava querer. Segundo sua doutrina, o homem nascia sem o pecado original, num estado de perfeição, como Adão e Eva antes da queda.

Isto entrava em choque com a doutrina bíblica, pregada em toda a igreja: Jesus disse aos discípulos: "Sem mim, nada podeis fazer" (Jo 15,5). Falou ainda o Senhor: "É pela graça que fostes salvos, mediante a fé. Não é de vós mesmos que vem a fé: é dom de Deus. Não provém das boas obras, para que ninguém se glorie." (Ef 2, 8-9)

A heresia de Pelágio foi condenada pelo Sínodo de Cartago (411) e no concílio de Éfeso (431). Ficou definido que a salvação é fruto da Graça de Deus. É claro que o homem entra também com sua participação, acolhendo a Graça no seu coração, para que não seja em vão. Santo Agostinho disse: "Deus te criou sem ti, mas não quer salvar-te sem ti".

Esta questão da cooperação ou não das pessoas na sua salvação foi provocando exageros ao longo dos séculos para um lado e para outro. O protestantismo enaltecia a Fé em Deus e desprezava as obras como necessárias para a salvação. Esquecia-se de que a Fé sem obras é morta, como está escrito na Bíblia. E que o Diabo também tem fé e está no Inferno. (Tiago 2, 14-26)

Pelo contrário, hoje estamos num tempo em que muita gente pensa que se pode salvar sem Cristo e mesmo sem Deus. Por isso desprezam a oração, os sacramentos e até a fé em Deus. Estamos como no tempo de Cícero do século I antes de Cristo. Ele dizia que as pessoas davam graças aos deuses pela sua prosperidade material e pela sua saúde, mas nunca pelas suas virtudes, pois consideravam isso como obra do seu esforço pessoal.
M. V. P.


3 comentários:

Ver para crer disse...

Não quero deixar de referir que isto de heresias começa quase sempre num simples exagero de algum pregador.
O respeito pela Eucaristia levou a que alguns mais escrupulosos achassem que nem se devia tocar com os dentes no Pão consagrado.
Outros exageraram no outro extremo: A Eucaristia era, segundo eles, apenas um símbolo da presença de Cristo.

E podia continuar a referir muitas outras situações. mas ficam para mais tarde.

Anónimo disse...

Olá!!!Gostei muito de vir aqui!Parabens por este maravilhoso espaço.


Beijos

Anónimo disse...

Tenho ouvido muitas vezes dizer:
"Os que vão à missa ainda são piores dos que os que não vão!..."

Não concordo; mas será que podemos só esperar a nossa salvação de Deus e não fazermos nada para isso?

Cteio que nisto os protestantes estão enganados.