Um estudo divulgado há dias em Bruxelas revelou que os portugueses são dos que mais se sentem infelizes com a vida que levam. Numa questão sobre se os cidadãos estão satisfeitos com o rumo da sua vida, Portugal apresenta uma "taxa de satisfação" de 72%. Menos satisfeitos na Europa alargada só cinco povos, todos de novos Estados-membros: Lituânia (60%), Hungria (62), Estónia (65), Letónia (66) e Eslováquia (67). Os mais satisfeitos são os holandeses (97%), seguidos de dinamarqueses (93%), finlandeses (93), espanhóis, suecos e cipriotas (todos com 90%), sendo a média europeia de 82%.Por outro lado os portugueses são quem menos se interessa pela política entre os cidadãos dos 25 Estados da União Europeia, com 45 por cento dos inquiridos a assumirem o seu "distanciamento" e só 53 por cento a afirmarem-se interessados na actualidade política. O interesse dos portugueses pela política fica bem abaixo da média europeia (67 por cento) e muito aquém de países como a Holanda (86 por cento) e Dinamarca (85), onde se registam os valores mais elevados. O afastamento dos portugueses relativamente à política traduz-se ainda na resposta à questão sobre se as pessoas deveriam envolver-se mais na vida política, com apenas 57 por cento a dizerem que sim.Alguma comunicação social mostrou-se admirada com estes dados mas um observador atento da vida política portuguesa sabe que o povo tem razão para estar descontente. No século XX, tivemos quase cinquenta anos de ditadura e depois do 25 de Abril quiseram impor-nos uma ainda mais forte. Dos governantes que se seguiram aos pretensos ditadores Vasco Gonçalves e Cunhal – agora falecidos – poucos se mostraram com jeito para o cargo.Desde há anos, estamos mergulhados numa crise económica que tem feito a vida amarga – e Deus queira que não continue por muitos anos – a muitos milhões de portugueses.Quem se admira pois que o povo se declare infeliz e descrente dos políticos?
M. V. P.
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