sábado, dezembro 30, 2006
quinta-feira, dezembro 28, 2006
Para repor a verdade
Como já vem sendo costume, alguns jornalistas gostam (ou são incapazes de compreender?!)
de deturpar o que é dito por membros da Igreja Católica.
Foi o caso da Homilia de Natal do Administrador Apostólico do Porto.
P0r isso aqui fica na íntegra:
É grave e importante o acontecimento que celebramos hoje. Tão grave e tão importante que muitos dos que se cruzaram nestes dias nas ruas de cidades e aldeias passaram-lhe ao lado. E talvez nós próprios não tenhamos acordado para a gravidade do mistério que nos envolve. Precisamos de parar, meditar e rezar…
Há dois movimentos nos relatos bíblicos do Natal: um mais ascendente, que se concretiza em S. Lucas. O evangelista detém-se especialmente no relato histórico e em pormenores que mostram que Jesus, pobre, nascido no seio de uma família humilde, moradora num canto esquecido do império romano, realiza as promessas do Antigo Testamento: este Jesus é o Messias, Filho de Deus.
Outro movimento, descendente, concretiza-se em S. João e diz que o Verbo eterno de Deus, pelo qual foi feita a primeira criação, encarnou no tempo na Pessoa de Jesus de Nazaré, para fazer uma nova criação: a redenção do homem decaído pelo pecado original. O Prefácio do Evangelho de S. João, que acabámos de ouvir, é o resumo dessa teologia da Encarnação.
No princípio era o Verbo. O Verbo era Deus. Tudo foi feito por meio dele. E o Verbo fez-se carne e morou entre nós. A todos que O receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus.
O Verbo fez-se carne.
S. João teve tempo para reflectir a fé das comunidades primitivas. E deixou-nos este testemunho magnífico de quem viu e conviveu com o Verbo da Vida. Acreditou n'Ele com muitos outros e escreveu que o Filho unigénito que estava no seio do Pai veio ao que era seu e deu a conhecer o Deus que jamais alguém viu.
O Verbo é a Palavra de Deus. O Logos, a razão primordial, a Palavra criadora, pode parecer um ser insensível, distante, pura razão. Mas o Logos é um AMANTE com toda a paixão. Ele veio revelar-nos que Deus não é um ser insensível, mas o amor apaixonado pelo homem. Cristo é o Amor encarnado do Pai. A figura de Cristo dá carne e sangue aos conceitos. É o próprio Deus que vem ao encontro da ovelha perdida, da humanidade sofredora e transviada. E assim se revela o que é o ponto fundamental de toda a Revelação do Novo Testamento: Deus é Amor (cf. Encíclica de Bento XVI, n.º 12).
E o Amor de Deus fez-se carne.
É aqui que reside a diferença entre a fé cristã e as outras religiões monoteístas ou não. Acreditamos num só Deus, como os Hebreus e os Muçulmanos. Mas o Deus cristão é amor em três Pessoas, a SS. Trindade.
Hebreus e Muçulmanos, como outros crentes de outras religiões, têm fé num Deus transcendente. Mas estão longe de acreditar que Ele tenha encarnado. Aliás, temos de confessar que era muito difícil para um judeu admitir a Encarnação. É preciso ter-se vivido o itinerário espiritual de um S. Paulo, para se medir a enorme dificuldade que representa para um judeu ortodoxo o mistério da Encarnação… Se os companheiros de Jesus acabaram por acreditar que Ele era Deus e era o Filho de Deus, é porque Ele lho tinha dito com força suficiente para convencer cabeças duras e lho tinha provado, sobretudo depois da Ressurreição (O Deus de Jesus, pág. 18)
Os cristãos afirmam com S. João: O Verbo era Deus. E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós. Por amor do homem, o Filho veio ao que era seu, para que os seus O recebessem.
Esta lei da Encarnação deve inspirar toda a nossa pastoral.
É uma atitude primordial do Pastor. E inspira o homem e a mulher de fé. Cristo, sendo rico, fez-se pobre. Sendo transcendente, desceu do seu trono de glória e veio ao seio do povo. Ressoam aos nossos ouvidos as palavras do Êxodo: Ouvi os gritos do meu povo e desci para o libertar. Precisamos de descer dos nossos palácios de interiores, dos tronos da nossa importância e ir ao encontro da ovelha perdida e regressar a cantar, para ir dizer aos vizinhos e amigos: "Encontrei a ovelha tresmalhada!"
Não podemos remeter-nos ao templo e ao adro das igrejas. Passada a cristandade sociológica, torna-se necessário descer à rua e ir ao encontro dos homens onde eles estão, ir sobretudo à procura dos que gritam justiça ou sofrem, no segredo, as pobrezas deste tempo. Recordo as palavras de Bento XVI, quando ainda era apenas um teólogo de renome: Talvez tenhamos de nos despedir das ideias de uma Igreja de massas. Estamos possivelmente perante uma época diferente e nova da história. Nela o cristianismo voltará a estar sob o signo do grão de mostarda, em pequenos grupos, aparentemente sem importância, mas que vivem intensamente contra o Mal e que trazem o Bem para o mundo, que deixam Deus entrar… Existem (hoje) formas fortes de presença da fé que voltam a dar ânimo, dinamismo e alegria às pessoas… (O Sal da Terra, 1996).
Meditemos e guardemos: é preciso despedir-nos de uma "Igreja de massas"; o cristianismo voltará a estar sob o signo do grão de mostarda; há grupos e formas fortes de presença da fé; é preciso descer à rua e ir ao encontro do homem vivo.
De muitas maneiras falou Deus outrora aos nossos Pais pelos profetas; nestes últimos dias falou-nos pelo se Filho (Hebreus 1,1-2).
É como se dissera : O que antigamente disse Deus pelos profetas a nossos Pais, nestes dias falou-nos pelo Filho, tudo de uma vez. Quem agora quisesse consultar a Deus, ouviria certamente esta resposta: Se já te falei todas as coisas na minha Palavra que é o meu Filho e não tenho outra, que te posso eu responder agora? Põe os olhos só n'Ele, porque n'Ele disse tudo. Este é o meu Filho muito amado: Escutai-O!
Olha-O bem e não acharás nada a pedir-me nem desejarás revelações ou visões. Se quiseres que Eu te responda alguma palavra de consolo, olha para meu Filho. Se quiseres saber coisas ocultas, põe n'Ele os olhos. Segundo o meu Apóstolo, estão n'Ele todos os tesouros de sabedoria e ciência.
(S. João da Cruz, Obras Completas, páginas 196 a 198)
"Jesus" quer dizer: "Deus salva". Foi o nome que o Anjo, vindo da parte de Deus, indicou a Maria para que o desse ao seu Menino.
No Natal começa, de facto, a salvação dos homens. É bom e útil olhar bem este Salvador que aparece no meio de nós na figura de uma criança, vulnerável, frágil, desarmada.
É fácil abafar a criança. Esta sociedade de consumo, de esbanjamento na festa dos presentes e de luminosas decorações de cidades, vilas e aldeias, sufoca a criança, com o que lhe dá e com o que lhe tira. Há coisas interessantes no Natal: poesia, certo verniz de generosidade, um ar de emoção. Mas é tudo passageiro. Bem cantam os poetas que "natal é quando um homem quer". A dificuldade está em saber que "natal" querem os homens.
O Deus Menino é sufocado, porque muitas das nossas atitudes o impedem de crescer dentro de nós e assim Ele fica criança toda a vida.
O cristão tem de crescer com Jesus, em idade, sabedoria e graça, diante de Deus e diante dos homens.
O cristão tem de ouvir a Palavra de Jesus adulto, a palavra que Ele nos deixou como alimento, na Escritura e na Eucaristia, porque aí a palavra transforma o Pão e o Vinho em alimento espiritual.
Vem aí um período de escolha da vida das crianças por nascer. A vida é o dom mais precioso que temos e ninguém pode dispor da vida própria, muito menos da vida alheia. O Mandamento que vem de há muitos séculos diz: "Não matarás!"
Vamos acolher o Menino Jesus em nossos corações e n'Ele amar todas as crianças, mesmo aquelas que não conhecem pai nem mãe. Estamos a regressar ao tempo dos "expostos", dos meninos da Roda dos Mosteiros da Idade Média. E tanto mal se tem dito da Idade Média!
A Maternidade de Maria começou com a Anunciação, efectivou-se no dia em que deu à luz o seu Filho primogénito e prolonga-se pelo tempo fora. As mães de hoje precisam de atenção, carinho e apoio em todas as situações. Mais do que no "dia mundial", o dia da Mãe é quando ela dá à luz um filho, o acarinha e educa pela vida fora.
Todas as "interrupções" naturais ou provocadas são actos "prematuros", imaturos, antes do tempo…, são o fim de um processo que devia desaguar na vida.
É dia de Natal. Dêmos às crianças o direito de nascer. Dêmos aos esposos o direito e o dever de fazerem surgir a vida. Dêmos ao Menino do Presépio o direito de entrar, com sua licença, no coração dos homens desta geração. Dêmos às crianças, jovens ou adultos, a possibilidade de crescerem em idade, sabedoria e graça diante de Deus e diante dos homens. E nós todos colaboremos no nascimento e crescimento de um mundo melhor, isto é, segundo coração de Deus.
Hoje, o caminho de Belém está obstruído por detritos de orgulho, vaidade, egoísmo, indiferença e violência. Há que limpar o caminho que conduz a Belém.
É Natal! Prepara o berço, ou seja, prepara o teu coração, porque lá quer nascer Jesus. (cf. Ângelo Comastri, Prepara o berço: É Natal, pág. 5-6)
Catedral do Porto, 25 de Dezembro de 2006
D. João Miranda, Administrador Apostólico da Diocese do Porto»
domingo, dezembro 24, 2006
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Quando Deus fecha uma porta...
A descida do Filho de Deus à terra, fazendo-se homem, vem provar-nos que Deus nos ama acima de todas as outras criaturas. E ama sobretudo os pequenos, os fracos, os pobres.
E mais: ensinou-nos que fazer bem a esses necessitados da nossa ajuda é como se fosse feito a Ele.
Há quem pense que um deficiente, que tem de ser englobado nesta categoria de pobres, é um peso para a família e para a sociedade e por isso nem sequer devia nascer. Mas quem lida com gente assim sabe que também eles amam a vida.
Vem isto a propósito de um vídeo que encontrei na internet sobre a vida de Tony Melendez . Este homem nasceu sem braços. Já tinha ouvido falar nele mas uma coisa é ouvir outra coisa é ver.
Agora imagine: sem braços e ainda assim guia um carro... Mas não só isso: toca guitarra também. E sem qualquer braço artificial. Parece impossível! Tony nasceu na Nicarágua e hoje é músico consagrado nos Estado Unidos, para onde se mudou com seus pais com um ano de idade, em busca de ajuda médica para corrigir um defeito num dos pés. Na gravidez, sua mãe fez uso do medicamento talidomida, o que provocou a deformidade física. Mas Tony não deixou que a falta dos braços o impedisse de viver. E viver com alegria. Jamais permitiu que a limitação física lhe tirasse o prazer de cantar. Desde muito pequeno começou a tocar algumas notas musicais com os pés e logo descobriu que poderia afinar a guitarra de forma a atender sua necessidade. Aos 18 anos Tony já tocava e cantava em eventos especiais, e fazia sucesso. Mas ele não canta, apenas. É compositor também. Aos 25 anos, Tony teve a oportunidade de tocar guitarra com os pés e cantar para milhares de jovens, na presença do papa João Paulo II, na cidade de Los Ângeles, no ano de 1987. Desde aí ficou a ser conhecido em todo o mundo.
E quem diria?! Tem uma vida que muitos invejam. E também casou e tem dois filhos adoptivos.
Há tempos um jornalista perguntou-lhe: "Que mensagem o Tony Melendez daria àqueles quem têm algum problema na vida e estão tristes?" «Nunca percam a fé! Quando Deus fecha uma porta, abre sempre uma janela!...»
sábado, dezembro 16, 2006
É preciso abrir os olhos
A campanha para o referendo já começou. O Presidente da República marcou-o para 11 de Fevereiro. Os movimentos vão-se organizando e as primeiras iniciativas estão já na rua. O «não» trouxe a Lisboa e a outras cidades portuguesas quatro mulheres da "Justice Foundation" americana, entre elas a que esteve na origem da liberalização do aborto nos Estados Unidos. As três senhoras que abortaram contaram as suas dramáticas histórias. Na sequência dessa opção, tomaram drogas e álcool e tentaram suicidar-se, por se sentirem culpadas de destruir novos seres. As três falaram do seu arrependimento e disseram que o fizeram por pressão do marido ou do namorado. Todas elas estão hoje arrependidas e lutam para que o aborto seja banido das leis."Os meus advogados não me disseram que ia ser responsável pela destruição de 43 milhões de bebés e das suas vidas", afirmou por sua vez Norma McCorvey. Tomou drogas e álcool, mas só teve consciência de que o aborto "é um crime contra a humanidade" depois de, em 1992, se tornar conselheira numa clínica de aborto e dar com uma arca cheia de fetos mortos.
Nos anos 70, a referida mulher iniciou uma batalha legal que levaria à consagração do aborto enquanto direito constitucionalmente protegido nos EUA. Norma McCorvey protagonizou o caso Roe v. Wade que chegou até ao Supremo Tribunal e criou jurisprudência, que nos EUA tem força de lei. Quando lhe foi permitido abortar já tinha tido o bebé, que deu para adopção. Durante anos trabalhou em clínicas de aborto, mas no final dos anos 90 passou de defensora do aborto para uma activista das organizações pró-vida.
Em 1997, fundou a «Roe No More Ministry», com a intenção de expor todas as mentiras contadas por ela própria no caso Roe v. Wade e no ano seguinte lançou a sua autobiografia, «Won By Love».
Desde então, tem-se dedicado a falar sobre a sua experiência pelo mundo fora. Participa na «Justice Foundation's Operation Outcry», uma fundação que se dedica a recolher informação sobre mulheres que fizeram um aborto, na tentativa de melhor as ajudar a ultrapassar o luto e de conseguir a mudança das leis permissivas.
Estas mulheres falam do que viveram e ainda sentem na pele. Só quem nunca ouviu testemunhos parecidos de pessoas que conhece é que pode duvidar da sua sinceridade. O "sim" à despenalização do aborto vai abrir caminho à sua multiplicação. São crianças que se perdem e mulheres que se arruinam.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Blogues pelo "não"
Aproveitando o trabalho de Timshel, copio para aqui uma lista dos blogues que expressamente defendem que se responda "não" à questão que vai ser submetida ao referendo sobre o aborto, independententemente do respectivo conteúdo e da fundamentação da sua resposta. Acrescentei mais alguns (não incluindo os sítios que não têm a forma de blogue, que são numerosos), e retirei este onde escrevo.Como diz também Timshel, se faltar alguém que deseje constar desta lista, ou se nela estiver alguém que não pretenda estar, basta dizer e a sua vontade será satisfeita. Creio que haverá muitos mais!
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Testemunhos vivos
De há uns dias para cá têm-me chegado vários testemunhos de pessoas que contam a sua amargura por terem feito o aborto. E dizem que o fazem para evitar que outras caiam no mesmo erro.
Refiro apenas um dos casos que mais me impressionou. "Já tinha dois filhos. O meu marido não aceitava que eu tivesse outra criança. A vida estava difícil e era quase impossível criar mais outra. Resisti mas acabei por ser convencida a procurar uma abortadeira que me fez algumas perguntas e depois me examinou. Disse-me que a gravidez estava muita adiantada e assim era arriscado praticar o aborto. Fui para casa banhada em lágrimas" – escreve esta mãe.
E continua contando que teve uma menina. Os anos passaram e esta sua filha tem hoje 13 anos. "Quando olho para ela, sinto sempre um misto de alegria e amargura. Eu fiz tudo para que ela não vivesse. Se ela o soubesse iria odiar-me. O que mais temo é que ela um dia o venha mesmo a saber."
Lembrou-me esta confidência o caso de Franco Zeffirélli, cineasta de renome mundial, que realizou vários filmes, entre os quais "Jesus de Nazaré" e o "Campeão". Ele próprio conta :
"Sei bem o que significa nascer contra a vontade dos outros, pois sou filho ilegítimo".
Era realmente fruto de um duplo adultério: o pai, Ottorino Córsi, comerciante de seda, era casado; sua mãe, Adelaide Garósi, modista da alta sociedade florentina, casada era também.
"O meu nascimento foi um escândalo. A minha mãe, que era modista, perdeu toda a clientela da mais fina sociedade de Florença. Desde o primeiro momento teve que vencer mil obstáculos para que eu nascesse. Até a sua mãe (minha avó) queria que ela abortasse. Diziam que eu estaria condenado à rejeição social. Contudo, ela negou-se redondamente a abortar... Sou uma espécie de aborto fracassado; por isso aprecio mais o milagre da vida".
"Hoje falo destas coisas como se se tratasse doutra pessoa. Passar a infância em meio de situações irregulares, mas sempre ao afago do amor, isso é que teve influência em mim".
Zeffirélli passou grande parte da infância no "Abrigo dos Inocentes" de Florença, onde se recolhiam as crianças abandonadas.
quinta-feira, novembro 30, 2006
A ignorância é atrevida!
Não sei se algum dos meus leitores alguma vez teve que aturar uma criatura como a que vou apresentar neste post.
- Os católicos brincam com a bíblia. O que Deus lá escreveu está escrito e ninguém pode mudar – começou por me dizer com cara de poucos amigos.
– Mas porque é que diz isso? – perguntei-lhe.
- É que quando a Bíblia fala na possessão diabólica, o senhor diz que isso tem de ser interpretado à luz do que se pensava ao tempo sobre as doenças nervosas ou lá o que é. O que lá está escrito é o que Deus lá pôs ou mandou pôr. Não é para agora cada um interpretar a seu jeito.
– Olhe lá – perguntei-lhe – acha que se deve levar à letra o que Jesus diz: «Se a tua mão ou o teu pé te levam a cair em pecado, corta-os que é melhor entrar maneta ou coxo no reino do Céus do que ir parar ao inferno com ambas as mãos e pés? E se os teus olhos te fazem pecar, lança-os fora, pois é melhor salvar-se sem os olhos do que ir com eles para a geena do fogo?»
Pensei que se desse por vencida, mas aquela "santa" arranjou logo uma explicação:
– Aí é bem de ver que Deus não quer que todos fiquemos cegos ou sem pés ou mãos! Mas a Bíblia é para levar a sério, sem falsas interpretações...
Percebi que não valia a pena discutir. Estava diante duma católica que só o era porque ainda não lhe tinha aparecido alguém de uma seita cristã fundamentalista. Mas atirei-lhe em jeito de despedida:
– Sabe que Jesus foi criticado duramente pelos fariseus por curar ao Sábado? Diziam que a Bíblia proibia fazer qualquer trabalho ao Sábado! E Jesus disse-lhes: «O Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado». Sabe o que é que Jesus queria dizer com aquilo?
A resposta veio de imediato:
– É que Jesus queria substituir o Sábado pelo Domingo!...
O leitor já se terá apercebido de que esta é uma daquelas pessoas com quem dialogar é perder tempo. Pensam saber tudo e têm a resposta na ponta da língua. Pensei que gente desta já não fazia parte da nossa igreja. Mas enganei-me!
segunda-feira, novembro 27, 2006
Eutanásia à força
Enfermeiro numa clínica em Sonthofen, Stephan Keller injectou letalmente 28 pacientes com uma mistura de valium e anestésicos, para "os aliviar" do sofrimento, dando-lhes uma morte sem dor. Os crimes ocorreram em 17 meses, do início de 2003 a meados de 2004, e o julgamento terminou com a condenação de Letter a prisão perpétua, da qual terá de cumprir no mínimo 15 anos, e interdição definitiva de exercer a sua profissão.
O enfermeiro alegou "compaixão" pelos seus pacientes para justificar os seus crimes. As vítimas tinham entre 40 e 95 anos, embora a maioria tivesse mais de 75.
Contudo, ficou provado que, à excepção de um dos casos, o enfermeiro agiu por ele próprio, sem haver um pedido expresso de eutanásia – nem dos pacientes, nem das pessoas mais próximas –, o que levou o tribunal a considerar que esta seria uma "piedade superficial". Muitas das vítimas nem teriam doenças que pudessem ser consideradas em fase terminal.
Este não o foi o primeiro caso do género na Alemanha. No passado mês de Fevereiro, outra mulher foi condenada a prisão perpétua pela morte de nove idosas num lar perto de Bona, entre 2003 e 2005.
Tudo isto me parece fruto duma mentalidade que está para ficar: o pouco valor da vida dos outros.
terça-feira, novembro 21, 2006
Jesus teve mulher e filhos?
Esta é uma das perguntas que se tem repetido de há uns dois anos para cá. O livro e filme "Código Da Vinci» entre muitas outras coisas faz essa afirmação, escrevendo que Jesus teve filhos com Maria Madalena. E que a descendência de Jesus teria continuado ao longo da história e ainda hoje existiria.
Mais! A Igreja tudo fez e ainda hoje é capaz de tudo fazer para esconder tal verdade. Esta a tese que serve de substracto ao referido livro, ultimamente também convertido em filme.
Qualquer historiador sabe que isto não tem qualquer consistência histórica, como muitas outras coisas que Dan Brown inventou. Quando lhe perguntam onde foi buscar tais ideias, o escritor responde que o "Código Da Vinci» é um romance e, por isso, pode afirmar o que quiser. Trata-se de pura fantasia, mas o certo é que muita gente tem levado a sério as aldrabices que Dan Brown inventou contra a Igreja, caracterizando-a como a mais malvada das sociedades.
É uma desonestidade intelectual, pois o romancista escreve que fez uma profunda e variada investigação em museus e bibliotecas. Queria ver como reagiria este escritor se alguém escrevesse um romance sobre a sua família com tantas aldrabices e infâmias. Umberto Eco, romancista e historiador italiano de renome, já por diversas vezes o apelidou de desonesto. E não só ele.
Nos evangelhos em nenhum momento se diz que Jesus foi um homem solteiro, casado ou viúvo. Referem a sua família, a sua mãe, os seus "irmãos e irmãs", mas nunca a sua "mulher".
A tradição jamais falou de um possível casamento de Jesus. E fê-lo, não por considerar a realidade do matrimónio deformadora da figura de Jesus (que foi quem restituiu ao matrimónio a sua dignidade original, Mt 19, 1-12) ou incompatível com a fé na divindade de Cristo, mas simplesmente porque se conformou com a realidade histórica.
Alguns afirmam que entre os judeus o casamento era como que uma obrigação. Mas existem dados que confirmam que no judaísmo do século I se vivia o celibato. Flávio Josefo (As Guerras Judaicas 2.8.2 e120-21; Antiguidades Judaicas 18.1.5 e 18-20). Também Filão (De vita contemplativa) assinala que os "terapeutas", um grupo de ascetas do Egipto, viviam o celibato. Além disso, na tradição de Israel, algumas personagens famosas, como Jeremias, tinham sido celibatários. O próprio Moisés, segundo a tradição rabínica, viveu a abstinência sexual para manter a sua estreita relação com Deus. João Baptista tão pouco se casou. A maior parte dos apóstolos era também solteira. Portanto, sendo o celibato pouco comum, não era algo inaudito. E Jesus engrandeceu o celibato pelo Reino. (Mateus 19, 10-12)
quinta-feira, novembro 16, 2006
“Alavancas” do P.e Francisco Antunes
Acabo de ler um livrinho dum Homem que toda a Coimbra conhece.
Falo do Padre Francisco Antunes.
Esse Homem que enquanto a saúde lho permitiu, correu meio mundo para ajudar os que precisavam. E ainda agora aparecem pessoas a bater-lhe à porta!...
Em boa hora, a Gráfica de Coimbra recolheu alguns artigos que ele publicou, há anos, no jornal “O Dever” da Figueira da Foz. Todos eles têm uma marca profunda do seu coração de Bom Samaritano. E ficam agora em livro para serem alavancas a despertar-nos a todos para a acção.
Garanto a quem os leia que lhes vão saber a pouco. E o seu preço é apenas simbólico. Um euro e meio pelo livrinho a que pôs o nome de ALAVANCAS.
Para abrir o apetite deixo aqui um naco da sua prosa. Que é também imagem do objectivo desta publicação:
«Ouvi-o muitas vezes. Nunca como naquele dia! Comigo eram centenas de milhar. Talvez tu mesmo. O tema era o Samaritano da parábola, a sua paixão, os pobres.
– Passou o sacerdote. Passou o levita. Passaram todos. Só o Samaritano parou. E todos os que passaram se julgavam dinamizados pelo Amor. Só o Samaritano mereceu canonização: “Faz tu como ele!”
E o padre Américo disse, disse e disse. Da miséria em que topava a cada passo. De como se podia dizer dele ser o senhor dos Aflitos. De como era urgente cada um afligir-se pelo seu irmão caído.
– “Meus irmãos, eu não sei nada! Só sei do Pobre. E este crucificado.”. E o seu apelo: “Aflige-te! Ama!”, galgou as serras d' Aire. Abriu brecha em crentes. E em não crentes. E anos passados eram centenas as famílias a viver em casa decente. Horta e flores à porta. Sol, luz e ar puro. A descobrir que tinham grandeza humana e vocação a alturas.
O Padre Américo foi-se. O seu apelo continua a defender-me da tentação da inércia.
Anda. Vem Comigo. Quem quer que sejas. Seremos alavancas. Dos feridos pela desgraça, dos conformados com a miséria, dos afeitos à injustiça, dos vencidos na esperança. Hei-de inquietar-te. Pegar-te fogo. Martelar-te: “Aflige-te! Ama!”
Regressado à Figueira, todos os dias me bate à porta a dor e a miséria em todas as escalas e tons.
É a Ivone. É o Rui. É o João. A «Legião», o «Casal Novo», o Jaime, a Conceição ... Os meus velhinhos. Os doentes. Os presos. Os ciganos ... Todos aqueles que há dois anos requisitei ao meu Bispo.
Mas a carga é demasiada. Cristo aceitou o cireneu. Eu preciso de alavancas. Sê alavanca.»
sábado, novembro 11, 2006
No dia de S. Martinho
... falemos de amor
Um Santo que ficou na história pelo seu amor aos pobres.
O seu gesto de dividir a capa de militar por alguém que tiritava de frio, ficou famoso. E chegou até nós. Como os magustos que dava aos pobres.
Neste dia lembro um texto da Carta-Encíclica “Deus caritas est”, do Papa Bento XVI. Põe em relevo o amor ao próximo por amor de Deus. Acolhemos e amparamos o outro porque queremos fazer a vontade de Deus que ama todos os Seus filhos e dum modo especial os “pobres”.
«Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo. O Seu amigo é meu amigo. Para além do aspecto exterior do outro, dou-me conta da sua expectativa interior de um gesto de amor, de atenção, que eu não lhe faço chegar somente através das organizações que disso se ocupam, aceitando-o talvez por necessidade política. Eu vejo com os olhos de Cristo e posso dar ao outro muito mais do que as coisas externamente necessárias: posso dar-lhe o olhar de amor de que ele precisa. Aqui se vê a interacção que é necessária entre o amor a Deus e o amor ao próximo, de que fala com tanta insistência a I Carta de João. Se na minha vida falta totalmente o contacto com Deus, posso ver no outro sempre e apenas o outro e não consigo reconhecer nele a imagem divina. Mas, se na minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser «piedoso» e cumprir os meus «deveres religiosos», então definha também a relação com Deus. Neste caso, trata-se duma relação «correcta», mas sem amor. Só a minha disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna sensível também diante de Deus. Só o serviço ao próximo é que abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e para o modo como Ele me ama.»
domingo, novembro 05, 2006
Uma voz de peso a favor da vida
Foi com muito agrado que lemos em Juntos pela vida que «de acordo com o seu Estatuto Editorial "O Correio da Manhã apoiará de forma firme a instituição Família, o direito à Vida e assume o seu apreço pelas raízes cristãs da sociedade portuguesa".
De facto, o Correio da Manhã é o jornal diário mais vendido em Portugal, o que mais uma vez nos faz tomar consciência de que a cultura e os valores civilizacionais de um povo não podem ser alterados ou impostos por qualquer jogo político ou manobra ideológica: os portugueses sabem quem são, para onde vão e o que querem.
E é desta realidade que o Correio da Manhã é, deste modo, retrato fiel – um povo profundamente ligado às suas raízes culturais cristãs em que a Família assume um papel de destaque enquanto célula nuclear de toda a Sociedade. O CM ao afirmar a importância crucial da Família enquanto geradora de Vida, de estabilidade, de passagem de valores e cultura faz, sem dúvida, um serviço aos seus leitores e ao país.
Bom seria que o nosso poder político se desse conta do papel que desempenha na sociedade; não podem os governantes mudar as mentes dos portugueses, podem (e devem!) criar condições para que a sociedade portuguesa seja fiel à consciência que já tem.
Esta atitude da direcção do Correio da Manhã demonstra uma lucidez e, também, coragem que representam uma lufada de ar fresco e a possibilidade de respirar, diante de uma comunicação social que não poucas vezes ignora a cultura portuguesa como ela é, tratando-a como alguns gostariam que fosse…
Desde já desafiamos os restantes meios de comunicação social a seguir este Bom exemplo.
Obrigado, Correio da Manhã!
A Direcção JPV
terça-feira, outubro 31, 2006
Na Festa de Todos os Santos
A intercessão dos santos
Mas podem os santos, os que já estão no Céu, interceder por nós? A maior parte dos protestantes e evangélicos não aceita que eles possam fazer alguma coisa em nosso favor junto de Deus. Contrariamente ao que ensinavam os Mestres do princípio da Igreja e ainda hoje é a fé dos católicos e ortodoxos.
Haverá incompatibilidade entre esta doutrina e o que ensina a Bíblia?
Vejamos pois se a Bíblia nos diz alguma coisa sobre a oração dos que já estão no Céu.
No último livro da Sagrada Escritura – o Apocalipse – pode ler-se:
"Quando o Cordeiro quebrou o quinto selo, vi debaixo do altar aqueles que tinham sido mortos por terem proclamado a palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem castigar os habitantes da terra que nos mataram? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros e irmãos que como eles iriam ser mortos." (Ap 6,9-11).
No trecho acima, os santos estão a pedir a Deus que faça Justiça. Alguém poderia dizer: "Mas eles estão intercedendo por eles mesmos e não pelos que ficaram na terra"! Ora, e o que impede que o façam pelos que estão na terra? São Paulo não recomenda que rezemos uns pelos outros? (cf. 1Tm 2,1).
Vejamos também:
"Os quatro viventes e os vinte e quatro anciões se prostraram diante do Cordeiro. Tinha cada um uma harpa e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos santos" (Ap 5,8). "O fumo dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus." (Ap 8,4).
Nos versículos acima, os santos rezam a Deus. Por que estariam orando, já que estão salvos e gozando da presença do Senhor? Oram em nosso favor, para que os que estão na terra também possam um dia estar com eles na presença do Senhor.
Podíamos transcrever outras frases bíblicas mas creio que estas confirmam a verdade de que os salvos podem pedir por nós.
Vejamos agora o que a este respeito ensinou a primitiva Igreja:
>"O Pontífice não é o único a se unir aos orantes. Os anjos e as almas dos justos também se unem a eles na oração" (Orígenes, 185-254 d.C. No tratado sobre a Oração).
"Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as nossa orações pelos irmãos" (Cipriano de Cartago, 200-258 d.C. Epístola 57)
"Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a protecção dos santos". (Santo Hilário de Poitiers, 310-367 d.C).
"Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: patriarcas, profetas, apóstolos e mártires, para que Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as nossas." (São
Cirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. nas Catequeses Mistagógicas).
"Em seguida (na Oração Eucarística), mencionamos os que já partiram: primeiro os patricarcas, profetas, apóstolos e mártires, para que Deus, em virtude de suas preces e intercessões, receba nossa oração" (São Cirilo de Jerusalém, 315-386 d.C. Catequeses Mistagógicas).
"Se os Apóstolos e Mártires, enquanto estavam no seu corpo mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, já podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para seus perseguidores. Serão menos poderosos agora os que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (São Jerónimo, 340-420 d.C, Adv. Vigil. 6).
"Por vezes, é a intercessão dos santos que alcança o perdão das nossas faltas (1Jo 5,16; Tg 5,14-15) ou ainda a misericórdia e a fé" (São João Cassiano. 360-435 d.C. conferência 20).
sexta-feira, outubro 27, 2006
O bem mais precioso
Maria do Rosário Gomes contou-me pormenorizadamente o que se passou com ela. Há cerca de 6 anos, casou com um rapaz, depois de um namoro "pouco demorado", dado que "o amor a isso os obrigava" e os pais de um lado e doutro achavam bem.
Meio a sério meio a brincar, pôs porém uma condição: "Se não der certo, posso escolher o bem que julgue mais precioso da casa".
O namorado concordou e disse que faria ele também o mesmo. Houve festa rija e os primeiros tempos foram "lindos". De vez em quando um amuo, um ralho. Mas sempre se ouviu dizer que casa não ralhada não é governada.
O pior foi quando se deram conta de que iria ser difícil terem filhos. Veio o nervosismo, as corridas para os médicos, o gasto exagerado de dinheiro. A vida em casal começou a ter problemas fortes.
A Rosário reconhece que se excedeu: os nervos sempre à flor da pele, os ciúmes, as palavras azedas. E o meu marido fartou-se. E às vezes dizia coisas que a feriam.
"Reconheci que o nosso casamento estava estragado. Por isso disse ao meu marido que era melhor acabar com tudo. Vendíamos o apartamento, fazíamos a divisão das coisas e cada um ia tratar da sua vida."
"Acabava eu de dizer isto quando o meu homem me abraçou e me confidenciou:
– Lembras-te do que foi combinado entre nós? Pois eu escolho o bem mais importante da casa. E esse bem és tu!... És minha e não me separarei de ti! A não ser que tu não queiras mesmo viver comigo...
"Chorei toda a noite! Fizemos as pazes e conseguimos juntos ultrapassar os problemas. Não temos filhos, mas sabemos que temos o maior bem – o AMOR".
quarta-feira, outubro 25, 2006
Heresias antigas e actuais (3)
O Pelagianismo surgiu na Igreja por volta do ano 400 e tem a ver com a necessidade ou não que o homem tem da Graça de Deus para se salvar. Pelágio, um monge anglo-saxónico, chegou à cidade de Roma, tendo ficado profundamente impressionado com a imoralidade do ambiente. Por isso, decidiu começar uma campanha de reforma profunda.
Nas suas pregações minimizava o poder da Graça de Deus em nossa salvação, atribuindo um valor demasiado às obras. Este monge achava que a crença de que a oração, os sacramentos e a Fé em Cristo chegavam para salvar o homem tinham levado as pessoas a comportar-se de maneira pouco cristã. Por isso dizia abertamente que as obras praticadas por cada um é que o salvavam ou condenavam.
Para Pelágio, o homem era capaz de salvar-se pelas suas próprias forças. Chegar à perfeição evangélica era coisa que estava ao alcance da capacidade humana. Bastava querer. Segundo sua doutrina, o homem nascia sem o pecado original, num estado de perfeição, como Adão e Eva antes da queda.
Isto entrava em choque com a doutrina bíblica, pregada em toda a igreja: Jesus disse aos discípulos: "Sem mim, nada podeis fazer" (Jo 15,5). Falou ainda o Senhor: "É pela graça que fostes salvos, mediante a fé. Não é de vós mesmos que vem a fé: é dom de Deus. Não provém das boas obras, para que ninguém se glorie." (Ef 2, 8-9)
A heresia de Pelágio foi condenada pelo Sínodo de Cartago (411) e no concílio de Éfeso (431). Ficou definido que a salvação é fruto da Graça de Deus. É claro que o homem entra também com sua participação, acolhendo a Graça no seu coração, para que não seja em vão. Santo Agostinho disse: "Deus te criou sem ti, mas não quer salvar-te sem ti".
Esta questão da cooperação ou não das pessoas na sua salvação foi provocando exageros ao longo dos séculos para um lado e para outro. O protestantismo enaltecia a Fé em Deus e desprezava as obras como necessárias para a salvação. Esquecia-se de que a Fé sem obras é morta, como está escrito na Bíblia. E que o Diabo também tem fé e está no Inferno. (Tiago 2, 14-26)
Pelo contrário, hoje estamos num tempo em que muita gente pensa que se pode salvar sem Cristo e mesmo sem Deus. Por isso desprezam a oração, os sacramentos e até a fé em Deus. Estamos como no tempo de Cícero do século I antes de Cristo. Ele dizia que as pessoas davam graças aos deuses pela sua prosperidade material e pela sua saúde, mas nunca pelas suas virtudes, pois consideravam isso como obra do seu esforço pessoal.
segunda-feira, outubro 16, 2006
Uma cultura da morte
A atracção pela morte é um dos sinais da decadência.
Portugal deveria estar, neste momento, a discutir o quê?
Seguramente, o modo de combater o envelhecimento da população.
Um país velho é um país mais doente.
Um país mais pessimista.
Um país menos alegre.
Um país menos produtivo.
Um país menos viável – porque aquilo que paga as pensões dos idosos são os impostos dos que trabalham.
Era esta, portanto, uma das questões que Portugal deveria estar a debater.
E a tentar resolver. Como?
Obviamente, promovendo os nascimentos.
Facilitando a vida às mães solteiras e às mães separadas.
Incentivando as empresas a apoiar as empregadas com filhos, concedendo facilidades e criando infantários.
Estabelecendo condições especiais para as famílias numerosas.
Difundindo a ideia de que o país precisa de crianças – e que as crianças são uma fonte de alegria, energia e optimismo.
Um sinal de saúde.
Em lugar disto, porém, discute-se o aborto.
Discutem-se os casamentos de homossexuais (por natureza estéreis).
Debate-se a eutanásia.
Promove-se uma cultura da morte.
Dir-se-á, no caso do aborto, que está apenas em causa a rejeição dos julgamentos e das condenações de mulheres pela prática do aborto – e a possibilidade de as que querem abortar o poderem fazer em boas condições, em clínicas do Estado.
Só por hipocrisia se pode colocar a questão assim.
Todos já perceberam que o que está em causa é uma campanha.
O que está em curso é uma desculpabilização do aborto, para não dizer uma promoção do aborto.
Tal como há uma parada do ‘orgulho gay’, os militantes pró-aborto defendem o orgulho em abortar.
Quem já não viu mulheres exibindo triunfalmente t-shirts com a frase «Eu abortei»?
Ora, dêem-se as voltas que se derem, toda a gente concorda numa coisa: o aborto, mesmo praticado em clínicas de luxo, é uma coisa má.
Que deixa traumas para toda a vida.
E que, sendo assim, deve ser evitada a todo o custo.
A posição do Estado não pode ser, pois, a de desculpabilizar e facilitar o aborto – tem de ser a oposta.
Não pode ser a de transmitir a ideia de que um aborto é uma coisa sem importância, que se pode fazer quase sem pensar – tem de ser a oposta.
O Estado não deve passar à sociedade a ideia de que se pode abortar à vontade, porque é mais fácil, mais cómodo e deixou de ser crime.
Levada pela ilusão de que a vulgarização do aborto é o futuro, e que a sua defesa corresponde a uma posição de esquerda, muita gente encara o tema com ligeireza e deixa-se ir na corrente.
Mas eu pergunto: será que a esquerda quer ficar associada a uma cultura da morte?
Será que a esquerda, ao defender o aborto, a adopção por homossexuais, a liberalização das drogas, a eutanásia, quer ficar ligada ao lado mais obscuro da vida?
No ponto em que o mundo ocidental e o país se encontram, com a população a envelhecer de ano para ano e o pessimismo a ganhar terreno, não seria mais normal que a esquerda se batesse pela vida, pelo apoio aos nascimentos e às mulheres sozinhas com filhos, pelo rejuvenescimento da sociedade, pelo optimismo, pela crença no futuro?
José António Saraiva, no Semanário SOL
domingo, outubro 15, 2006
A política
Jaquim da Horta, num comentário (que agradeço) a um dos meus últimos "posts", diz que acha que este blogue se ocupa demasiado com a política e que Jesus nunca se quis meter em tal coisa.
Por outro lado, o chamado "Padre Mário da Lixa" escreve muitas vezes que do que Deus gosta é de política.
Acho que nem tanto ao mar nem tanto à terra. Jesus de facto veio com uma missão diferente da de um político. Também um padre ou pastor de uma igreja tem de se afastar de políticas partidárias. A sua missão é de evangelizar, isto é, de iluminar a vida das pessoas com a palavra de Cristo. Mas, e por isso mesmo, tem de "lutar" por uma humanidade mais fraterna, que respeite os direitos de todos e defenda os mais débeis.
Isto sem menosprezar a missão de um político a quem compete "lutar" por um governo que defenda os pequenos de serem prejudicados e mesmo esmagados pelos grandes. Para além de procurar que haja leis cada vez mais justas que defendam as pessoas da opressão e violência.
Quanto a mim, a política é uma arte nobre, querida por Deus, desde que ao serviço do homem todo e de todos os homens.
terça-feira, outubro 10, 2006
Heresias antigas e actuais (2)
Como vimos, as heresias foram muitas logo no princípio da Igreja e algumas dessas e muitas outras foram renascendo ao longo dos séculos. Para tratar deste tema com alguma minúcia, precisávamos de escrever um grosso volume. Como se trata de pequenos artigos de divulgação, limitamo-nos a fazer alguma referência àquelas que tiveram maior projecção.
Entre estas está o Montanismo que é um movimento surgido no cristianismo do século segundo, iniciado por Montano. Os montanistas declaravam-se possuídos pelo Espírito Santo e, por isso, profetizavam. Segundo estas profecias, uma outra era cristã se iniciava com a chegada da nova revelação que – diziam – lhes tinha sido concedida.
Fez muitas predições proféticas enganosas, pois jamais foram cumpridas, como a de que a aldeia de Pepuza, na Frígia, seria a Nova Jerusalém. Proibia certos alimentos, exigia jejuns prolongados e não permitia o casamento de viúvas, como também negava o perdão de pecados graves ao novo convertido, mesmo após o baptismo (com confissão e arrependimento). Montano queria fundar uma nova ordem e reivindicar seu movimento como sendo um movimento especial na história da salvação.
Alguns pentecostais reivindicam para si, hoje, o movimento como sendo o antecessor do movimento pentecostal actual.
Outra heresia que se espalhou muito foi o Arianismo, que recebeu o nome do seu iniciador. Ario, padre da Igreja de Alexandria, suscitou, com sua doutrina, polémicas que alastraram por toda a cristandade. Este sacerdote ensinava que só o Pai Eterno era um Deus verdadeiro, o princípio de todos os seres. O Cristo (Verbo de Deus) tinha sido feito por Ele como instrumento para a criação do mundo, pois a divindade transcendente não podia colocar-se em contacto com a matéria. Cristo, inferior e limitado, não possuía o mesmo poder divino, mas se situava entre o Pai e os homens, sem se confundir com nenhuma das naturezas, por se constituir num semi-Deus.
Um primeiro sínodo de bispos, em Alexandria, expulsou Ario da comunhão eclesiástica, mas dois outros concílios fora do Egipto condenaram a decisão e reabilitaram o sacerdote.Sucederam-se, a partir de então, sínodos contra sínodos, excomunhões contra excomunhões, bispos contra bispos. A luta chegou a ameaçar a unidade da Igreja e, ante o perigo de fragmentar também o Império, Constantino decidiu convocar, em 325, um concílio universal, para toda a cristandade. Definiu-se aí a doutrina resumida no chamado Símbolo de Niceia, contrária às propostas arianas. A maioria dos prelados condenou a doutrina de Ario como herética, e o imperador Constantino perseguiu os que se opunham às decisões desse concílio. Mas com a intrusão do imperador nas decisões dogmáticas, os problemas se complicaram. O próprio Constantino reabilitou o arianismo e o seu filho Constâncio quis impô-lo como doutrina ortodoxa. Valeu a assistência do Espírito Santo, que não deixou que a Sua Igreja resvalasse para a heresia.
terça-feira, outubro 03, 2006
Heresias antigas e actuais (1)
Heresia foi o nome dado pelos antigos à opção por doutrinas não conformes à pregação de Jesus e tradição dos Apóstolos. No artigo anterior, referi alguns textos bíblicos que acautelam os cristãos contra novas doutrinas. Muitos outros podia ter referido.
A primeira grande heresia foi a dos judaizantes. Muitos judeus convertidos (?!) queriam à fina força que os cristãos fossem obrigados a praticar tudo o que mandava o Antigo Testamento e outras tradições judaicas. Os Actos dos Apóstolos e as Cartas de S. Paulo referem essa pressão feroz que aquele apóstolo e companheiros sofreram na pele. E refere as decisões do 1.º Concílio de Jerusalém, presidido por Apóstolos.
Ainda hoje isso se vê em muitas das posições doutrinais de Grupos ditos cristãos como as Testemunhas de Jeová, fundadas por Charles Taze Russell por volta de 1870, embora ainda não com esse nome.
A outra grande heresia surgiu também ainda no tempo dos Apóstolos e é conhecida por Gnosticismo. Apesar de ser uma mistura de doutrinas de diversas origens, teve uma forte implantação em alguns meios da Igreja, como se pode ver pelos escritos deixados e pelas alusões que a ele fazem alguns dos chamados Padres da Igreja. Segundo os gnósticos, existem dois deuses: o criador imperfeito, que eles associam ao Deus do Velho Testamento e outro, bom, associado ao Novo Testamento. O primeiro criou o mundo com imperfeição, e desta imperfeição é que se origina o sofrimento humano. Mas, o deus bom teve pena dos homens e dotou-os de uma "centelha divina", que lhes dá a capacidade de despertar deste mundo de ilusões e imperfeição.
Chegam ao ponto de ensinar que tirar do corpo a alma – isto é, matar – é uma obra boa. Daí se pode compreender que tenham como grandes heróis Caim, Judas e muitos outros que a Bíblia condena. O sexo e mesmo o casamento são vistos como algo de mau. São Paulo já faz referência a isto em 1Timóteo 4, 1 e ss. Ensinam que a mulher cria em seu ventre corpos humanos e por isso não pode ir para o Céu. O Evangelho de Judas, o Evangelho de Tomé e vários outros escritos são produtos dessas terríveis doutrinas. E têm sido muito propagandeados nos últimos tempos como se fossem de muito valor humano. Recomendo que os leia – encontra-os na internet – para ver que a Igreja teve razão em excluí-los do seu cânon.
Estas doutrinas gnósticas ressurgiram dum modo muito acentuado nos séculos XI e XII e ainda hoje estão presentes dum modo ou doutro em alguns grupos religiosos.
sexta-feira, setembro 29, 2006
Missa e longevidade
Sabia que ir à Missa com pontualidade ou rezar com frequência pode aumentar a longevidade de vida das pessoas?
Este é o resultado de um estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade Pittsburgh, dos Estados Unidos, que depois de minuciosa investigação concluíram que participar em cerimónias religiosas com regularidade e ir à Missa regularmente, pode aumentar a esperança média de vida.
O estudo destes investigadores acentua o que já se sabia: que a religião tem uma função preponderante na redução do stress, e ajuda a ultrapassar as preocupações do dia a dia.
terça-feira, setembro 26, 2006
As heresias entre os cristãos
Afirmei no meu segundo artigo desta secção que todas as igrejas ditas cristãs aceitam os mesmos livros do Novo Testamento Bíblico. Porém isso não é nem nunca foi suficiente para a unidade da Fé. E as divergências são muitas e substanciais. Eis alguns exemplos:
Uns afirmam que Jesus é Deus, com o Pai e o Espírito Santo e outros acham que ele
é apenas homem ou mesmo anjo;
Uns pensam que Maria é verdadeira mãe de Jesus, outros acham que ela é apenas mãe adoptiva;
Uns afirmam que os cristãos podem comer e beber de tudo, outros dizem que não se pode comer carnes de animais impuros ou não sangrados e não se podem beber bebidas alcoólicas ou fazer transfusões de sangue;
Uns veneram os Santos, pedem a sua intercessão e fazem-lhes imagens e outros dizem que isso é idolatria;
Uns aceitam o baptismo de crianças e guardam o Domingo, outros acham que isso é ir contra a Bíblia;
Uns acreditam na vida para além desta vida, acreditando no céu e no Inferno, outros ensinam que só os justos terão outra vida – 144 mil no Céu, os restantes na Terra;
Uns acham que a religião cristã nos manda ser desprendidos dos bens da terra, outros ensinam que as riquezas terrenas são paga e bênção de Deus.
Como entender tais divergências?
O Novo testamento já tinha alertado para o surgimento de novas doutrinas.
Quando o apóstolo S. Paulo chegou a Mileto, enviou um recado aos chefes da igreja de Éfeso para que se encontrassem com ele, pois queria falar-lhes. O texto de Actos 20.17-38 conta a despedida de Paulo e suas advertências:
«Sejam pastores da Igreja de Deus, pois Ele adquiriu-a com o sangue do Seu próprio Filho. Sei, que depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vós e não pouparão o rebanho. E dentre vós mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os crentes para si mesmos. Por isso, vigiem! Lembrem-se de que, por três anos, jamais cessei de advertir a cada um de vocês, noite e dia, com muitas lágrimas" (Actos 20.28-31).
Ao escrever a Timóteo, S. Paulo declara: "O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas do Demónio" (1Timóteo 4:1).
quinta-feira, setembro 21, 2006
Constantino e a Fé cristã
Há quem afirme que foi o imperador romano que impôs a Bíblia actual e obrigou todos os cristãos a obedecer ao bispo de Roma – o Papa. O imperador teria sido mesmo o verdadeiro chefe da Igreja.
Nada mais falso. Constantino legalizou e apoiou a cristandade no tempo em que se tornou imperador, com o Édito de Milão, mas também não tornou o paganismo ilegal ou fez do cristianismo a religião estatal.
Nascido por volta do 271, Constantino, que ficou na história com o cognome de Magno, passou grande parte da sua vida a guerrear os seus opositores. A sua vitória em 312 sobre Maxêncio na Batalha da Ponte Mílvio resultou na sua ascensão ao título de Augusto Ocidental, ou soberano da totalidade da metade ocidental do império. Ele consolidou gradualmente a sua superioridade militar sobre os seus rivais com o esfarelamento da Tetrarquia até 324, quando ele derrotou o imperador oriental Licínio, tornando-se imperador único.
Não foi por motivos religiosos que ele deu liberdade aos cristãos, em 313, ou convocou o Concílio de Niceia, em 325. Foi a sua visão de político sagaz que o levou a apostar na religião que se tinha imposto no Império do Ocidente e do Oriente e que agora queria que não fosse motivo de mais desuniões.
Se ele se tivesse convertido deveras à nova Fé, não teria feito os crimes que a história lhe aponta: matou, já depois do Concílio de Niceia, o seu próprio filho Crispus. Sufocou depois sua mulher Fausta num banho sobreaquecido. Mandou também estrangular o marido de sua irmã, e chicotear até à morte o filho de sua irmã.
A convocação do Concílio de Niceia foi um acto político como já disse acima, para resolver as divergências doutrinais originadas pelo arianismo, de que falarei noutro artigo. Constantino facilitou transportes e fez tudo para todas as diversas Igrejas estarem representadas. Conseguiu juntar umas trezentas pessoas. De Roma seguiram apenas quatro padres e o Papa não esteve presente, decerto por não concordar que a iniciativa viesse do imperador, ainda por cima pagão, não baptizado. Mas como as resoluções desse concílio acabaram por ser concordes com a doutrina oficial da Igreja de Roma, aceitou-as de bom grado.
Constantino só foi baptizado e cristianizado no final da vida. Ironicamente, este imperador poderá ter favorecido o lado perdedor da questão ariana, uma vez que ele foi baptizado por um bispo ariano, Eusébio de Nicomedia.
quarta-feira, setembro 20, 2006
O Papa e o islão
Com este título, VASCO PULIDO VALENTE escreveu no Público um artigo que me pareceu muito feliz.
Embora se trate de um AGNÓSTICO, julgo que é útil os cristãos conhecerem-no.
Aqui fica, pois.
«O Papa e o Islão
Não deve haver académico que, lá no fundo, não tenha um especial fraquinho pelo Papa Bento XVI. Afinal, ele faz parte da corporação e, mais, foi durante muito tempo um motivo de orgulho para a corporação. Fala o dialecto da seita, escreve no dialecto da seita e, se não pensa como a seita, pensa segundo as regras da seita. Só que é Papa e que, sendo Papa, de quando em quando, esquece o mundo cá de fora e reverte ao seu velho papel de universitário. O "escândalo" de Ratisbona não passa disto. Bento XVI, querendo explicar a irracionalidade da conversão pela violência, citou o imperador Manuel II Paleólogo. Num diálogo com um persa, Paleólogo dissera: "Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava".O mais preliminar assistente de Literatura, História, Filosofia ou Teologia percebe logo três coisas. Primeira, que o Papa não dá o imperador Paleólogo como um intérprete autorizado da religião muçulmana, mas como um como um opositor inteligente à perseguição religiosa. Segunda, que o Papa não esqueceu as perseguições da sua própria Igreja e que usou o imperador por conveniência ilustrativa da desordem moderna. E, terceiro, como o título e o resto da conferência comprovam, que Ratzinger não estava interessado em "atacar" ninguém, estava interessado na dualidade da fé e da razão. Infelizmente, a "rua" islâmica não é o público letrado da Universidade de Ratisbona e começou rapidamente a usual campanha de ódio contra o Bento XVI, que de toda a evidência o deixou estupefacto.O papa já lamentou o equívoco, mas não pediu desculpa. Não podia pedir. Nem pelo incidente, fabricado pelo fanatismo e a ignorância, nem pelo teor geral da conferência de Ratisbona. Ratzinger insistiu que a fé não é separável da razão e que agir irracionalmente "contraria" a natureza de Deus. Não vale a pena entrar nas complexidades do assunto. Basta lembrar que desde o princípio (desde Orígenes, por exemplo) se construiu sobre a fé cristão um dos mais sublimes monumentos à razão humana e que o Ocidente, apesar da "Europa", não existiria sem ele. A fé muçulmana não produziu nada de remotamente comparável e, durante quinze séculos, sustentou uma civilização frustre e parada. A conferência de Ratisbona reafirmou a essência do cristianismo. Se o islão se ofendeu, pior para ele.»
sexta-feira, setembro 15, 2006
A caminho do amor
Hoje trago para aqui este filme sobre o Cristo que vive na rua
«Que importa alguém dizer que tem fé, se não a põe em prática? ..... A fé sem as obras é morta»
segunda-feira, setembro 11, 2006
Podemos confiar na Bíblia?
Temos que confiar no que é digno de fé. Assim procedemos normalmente na vida do dia a dia. Sobretudo quando há sérias provas de que quem escreveu o fez com seriedade.
Ora os Apóstolos foram pelo mundo pregar uma série de coisas que diziam que Jesus lhes tinha ensinado. E afirmavam que tinha sido o mesmo Jesus Cristo a enviá-los pelo mundo para lhe fazer discípulos. E todos foram mortos de modo cruel, sem que algum tenha renegado esse mandato do Mestre.
E não se limitaram a pregar o Evangelho oralmente. Alguns puseram por escrito os ensinamentos de Cristo. Outros arranjaram discípulos que o fizessem. A esse conjunto de pequenos livros e cartas deu-se o nome de Novo Testamento.
Desde cedo, estes escritos ou porções deles foram lidos nas Assembleias cristãs, conjuntamente com outros excertos do Antigo Testamento. E os cristãos habituaram-se a venerá-los e a tomá-los a sério.
Primeiro, foram, naturalmente, compostos escritos fragmentários, que divulgaram palavras e sentenças de Jesus (as Logias). Com o correr do tempo, surgiram outros, mais cuidados e ampliados, que assinalavam factos, milagres, acontecimentos da vida do Mestre, conjuntamente com os Seus ensinamentos.
Mas nem todos esses escritos ficaram na Bíblia. Uns porque exageravam nos pormenores relatados e que não eram verosímeis. Outros porque queriam transmitir ensinamentos que contradiziam o ensino dos Apóstolos. Neste caso, ainda há pouco os meios de comunicação nos deram conta da tradução do «Evangelho de Judas» há anos encontrado, cujo objectivo era ensinar que o apóstolo traidor foi o que melhor cumpriu a vontade de Jesus, seu mestre.
Uma coisa interessante é que ainda hoje todas as Igrejas ditas cristãs – Católica, Ortodoxas, Protestantes e outras – têm os mesmos livros no Novo Testamento nas suas Bíblias.
Como em nenhum livro da Bíblia se diz ou define quais os que a ela pertencem ou não, temos de acreditar que foi o Espírito Santo que orientou os cristãos dos primeiros séculos na selecção dos livros inspirados.
Os critérios que presidiram à sua inclusão foram os seguintes:
1. Merecerem a aceitação consensual de toda a Igreja;
2. Apresentarem coerência doutrinal que denotasse a inspiração divina;
3. Serem seus autores os Apóstolos ou seus mandatários.
sexta-feira, setembro 08, 2006
Dúvidas
Jesus é Deus?
O leitor de «O Amigo do Povo», José Viegas, lançou-me um desafio num recente e longo e-mail: o de elucidar diversos pontos doutrinais que têm ultimamente sido postos em causa, nomeadamente em livros recentes como o «Código DA VINCI». Com o aparecimento duma verdadeira onda de livros, filmes e artigos sobre aspectos da Fé cristã, é natural que muitos cristãos vivam baralhados sobre alguns pontos importantantes do Cristianismo.
Concordo com este leitor e, por isso, resolvi dar seguimento a este seu desejo, começando por encontrar na Bíblia uma resposta para a pergunta: «Jesus é Deus?» Outros pequenos artigos se seguirão e espero que os meus leitores de «O Amigo do Povo» e deste blogue me ajudem com as suas achegas e críticas a torná-los úteis para o maior número de pessoas.
Cito o que dizem diversas passagens da Bíblia sobre a condição divina de Jesus, porque todos os cristãos a aceitam como norma da Fé. Vou seguir mesmo a tradução interconfessional da Sociedade Bíblica de Portugal, para que ninguém pense que estou a deturpar o que diz a Bíblia.
O Evangelho de S. João10, 30 conta que Jesus disse aos judeus: «Eu e o Pai somos um só». E no capítulo 14, Jesus diz que vai para a casa do Pai preparar um lugar para os seus amigos. E acrescenta que os seus discípulos já sabem o caminho para onde Ele vai. Ao que o apóstolo Filipe lhe responde: «Senhor, nós nem sequer sabemos para onde é que tu vais! Como é que podemos saber qual é o caminho?» Jesus diz-lhe: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode chegar ao Pai sem ser por mim. Pedido de Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai.» Resposta de Jesus: «Aquele que me viu, viu também o Pai. ..... Eu estou no Pai e o Pai está em mim.»
Na carta aos Filipenses, S. Paulo escreve: «Tenham os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo: Ele que por natureza era Deus, não quis agarrar-se a esse direito de ser igual a Deus. Pelo contrário, privou-se do que era seu e tomou a condição de escravo, tornando-se igual aos homens.»
No Evangelho de João 20, 27-28, conta-se que Jesus apareceu ressuscitado aos Apóstolos uma semana mais tarde e virando-se para Tomé disse; «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos. Estende a tua mão e mete-a no meu peito. Não sejas descrente! Acredita!» E Tomé respondeu: «Meu Senhor e meu Deus!»
S. Paulo escreve a Tito que «Também nos ensina a viver felizes na esperança de que se há-de cumprir o que nos prometeu, que é a manifestação gloriosa do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo»(Tito 2, 13).
Não há qualquer dúvida de que a Bíblia afirma com todas as letras que Jesus é Deus. E por isso muitíssimo poucas Igrejas cristãs ensinam o contrário.
terça-feira, setembro 05, 2006
Um país de contrastes
Somos um país de contrastes. Dois milhões de portugueses vivem abaixo do limiar de pobreza. Temos um dos salários mínimos mais baixos da Europa. E no entanto, Portugal está entre os três países com mais televisões. Pelo menos um estudo do Eurobarómetro revela que apenas 1 por cento dos portugueses não tem televisor dentro de casa. À frente de Portugal só mesmo a Grécia e o Chipre. O estudo refere que 15 por cento das habitações têm, em simultâneo, aparelhos normais e de grandes dimensões (ecrãs gigantes).
O estudo não o diz mas depois há ainda os computadores com T. V., os vídeos, os DVDs, etc..
Sendo em si mesmos um bem, os meios de comunicação social, como outros meios, podem ajudar na elevação ou na degradação do ser humano. E, por isso, se utilizados de modo incorrecto ou para fins indignos do ser humano, causam verdadeiras desgraças.
Tantos e tantos indivíduos foram negativamente marcados pelo mau uso destes meios. Conheço vários casos de adolescentes que ficam quase toda a noite a ver os piores programas de televisão. E isto sem os pais darem por nada. Sem falar nos filmes, jogos e outros programas que promovem a degradação do ser humano: pornografia, perversões morais, violência, racismo e tantas outras coisas que contribuem para uma má formação do carácter e da personalidade dos indivíduos.
Não é por acaso que, tirando as nossas democracias liberais em que o que conta é sobretudo o lucro, os países têm leis que restringem a emissão de filmes e programas que possam contribuir para a degradação das pessoas, sobretudo da gente nova. E mesmo assim, volta e meia, ouvem-se os protestos de organizações responsáveis, perante a tentativa de imitar o que se passa nos nossos países ocidentais.
Por cá, os governos confiam na auto-regulação dos meios e o que se vê é uma luta desenfreada pelas audiências à custa de mais telelixo e teledegradação.
sábado, setembro 02, 2006
Reflexão para este Domingo
«Se eu tivesse de escrever um livro de moral com 100 páginas, deixaria 99 em branco.
Na última escreveria: só conheço um dever - o de amar»
Albert Camus
quinta-feira, agosto 31, 2006
Dar esperança aos doentes
Confesso que, embora já tenha alguma (muita?!) experiência nunca sei bem como hei-de fazer.
Daquela vez, fui chamado à pressa e logo me foi dito que o caso era gravíssimo. Não havia qualquer esperança. Uma trombose fulminante tinha derrubado um homem dos seus setenta anos. E o senhor que me havia chamado continuava com a mesma ladainha ao pé do doente. Tive que o mandar calar, embora a casa fosse dele.
O doente parecia não ter noção alguma do que se passava. Mas achei que o melhor era contar-lhe casos passados com pacientes iguais a ele. Como haviam recuperado e até um deles tinha mesmo casado após a doença e havia morrido com noventa e tal anos. Outro era casado e ainda vivia agora, tendo retomado a sua vida dentro dos limites da idade. E referi mais casos, todos eles verdadeiros.
Daí a uns meses, o referido doente começou a andar e ainda há pouco me disse que as minhas palavras foram o melhor remédio para superar a doença.
Entendo o que um sacerdote escreve em Migalhas também são Pão :
«Encontrei-o sentado. Olhos vidrados, no espaço, na dor, na vida. Amarelos, como o resto da face. Pijama vestido. Sofrimento vestido. No meio da conversa difícil pelos monossílabos constantes, a dor estava sempre presente. «Não aguento. Bem peço a Deus, mas não aguento. Que hei-de fazer? Diga-me, padre». Eu respondi: «Que hei-de eu dizer? Não tenho muitas palavras. Mas de uma coisa estou convencido: tudo na vida se leva melhor com alegria. Será mais fácil levar o sofrimento com alegria. Pesa menos. A alegria retira uns quilos de falta de força. Eu costumo dizer que devemos procurar a felicidade com o que temos. A felicidade que se procura com o que queremos ter é mais difícil alcançar. Se Jesus nos quer ver felizes e nos permite sofrer, é porque no meio do sofrimento também podemos ser felizes».
segunda-feira, agosto 14, 2006
Cessar fogo
Não havendo diálogo e capacidade de perdão, é de esperar novos episódios. E quem sofre é o povo simples e indefeso.
Até quando?
quarta-feira, julho 26, 2006
No Dia dos Avós
O texto que transcrevo de "Enfants de Partout", talvez nos ajude, na sua ingenuidade, a entender esta tão forte relação. Trata-se de uma composição de crianças de 8 anos sobre as suas avós.
«Uma avó é uma mulher que não tem filhos; por isso gosta dos filhos dos outros.
As avós não têm nada que fazer, é só estarem ali.
Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as folhas bonitas nem as lagartas.
Nunca dizem: despacha-te. Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem atar-nos os sapatos.
Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo, ou uma fatia maior.
Uma avó de verdade nunca bate numa criança; zanga-se, mas a rir.
As avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes.
Quando nos lêem histórias nunca saltam bocados e não se importam de contar a mesma história várias vezes.
As avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo.
Não são tão fracas como elas dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.
Toda a gente deve fazer o possível por ter uma avó, sobretudo se não tiver televisão».
Com nova roupagem
E isto porque estava a sair mal no FIREFOX.
Coisas da diversidade que hoje existe na internet!
sexta-feira, julho 21, 2006
Partido pedófilo
Os demais partidos pediram ao tribunal de Haia que impeça o partido de se candidatar às eleições nacionais de Novembro, com o argumento de que as crianças têm o direito de não serem ofendidas pela plataforma do partido.
«Liberdade de expressão, liberdade…de associação, incluindo a liberdade de formar um partido político, pode ser vista como a base de uma sociedade democrática», disse o juiz H. Hofhuis na sentença. «Estas liberdades dão aos cidadãos a oportunidade de, por exemplo, usar um partido político para pedir a revisão da Constituição, de uma lei ou de uma política», prosseguiu.
Pergunto:
Então também os assassinos e outros criminosos têm o direito de fundar partidos para mudarem as leis que os descriminalizem.
domingo, julho 16, 2006
Riqueza não é felicidade
Esta decerto também não está na pobreza mas sim numa vida sem grandes ambições.
"O pão nosso de cada dia", no âmbito material chega para a pessoa ficar satisfeita.
Ambições demasiadas só complicam.
Segundo um estudo da New Economics Foundation (NEC) e do grupo ambientalista Friends of the Earth, os latino-americanos, principalmente os colombianos, são mais felizes do que os cidadãos de países industrializados .
sexta-feira, julho 14, 2006
O suicídio
É sempre muito triste saber que esta ou aquela pessoa que conhecíamos se suicidou. As pessoas desejam viver e ter saúde. Desejar a morte e agir pondo em causa a própria vida é estranho e sintoma de doença.
Quando alguém pensa ou diz: «Não tenho razão para viver; Não tenho vontade de viver, preferia morrer, seria um alívio». Quando alguém, de modo ainda mais claro afirma: «Qualquer dia mato-me». Ou ainda, quando alguém, levado por um estado de desespero, agiu para preparar o acto de suicídio e o suspendeu, hesitou..., tentou e não o consumou, então há que ajudar essa pessoa a ultrapassar tal crise.
Desde logo é preciso tomar consciência de que na maioria dos casos as ideias de suicídio e o suicídio são uma manifestação de várias doenças psíquicas e muito em especial da depressão. Quem tenha passado por uma crise depressiva sabe muito bem o sofrimento, as tormentas que atravessou, mesmo que outros não possam entender as situações de desespero, de desinteresse, de fraqueza, de angústia, de culpa, de desapego à existência, de desespero máximo que pode culminar no suicídio.
Alguém que sofre ou tenha sofrido uma depressão grave sabe bem que os sentimentos de desespero e as ideias de suicídio são os sintomas mais assustadores. Resiste-se a uma grave doença física, mas é preciso muito mais coragem para enfrentar e vencer o sofrimento psíquico de uma grave depressão.
As ideias de suicídio, tal como outros sintomas da depressão, podem ser tratadas. Para que possa ser ajudado/a, o seu médico ou outros profissionais da saúde deverão saber o que se passa consigo, quais os seus pensamentos e sentimentos. Só se forem convenientemente informados, por si que sofre ou por alguém que melhor sabe do que se passa consigo, poderão tomar as medidas terapêuticas necessárias, ajustar a medicação ou modificar o tratamento.
O controle adequado de uma crise depressiva, a prevenção e a atenuação dos sintomas, fazem com que volte a acreditar na vida e a viver.
quinta-feira, junho 29, 2006
A experiência britânica parece repetir-se noutros países desenvolvidos, que, apesar de terem tido grandes aumentos de riqueza, têm registrado níveis de felicidade mais baixos nos últimos 50 anos. Nos Estados Unidos, cientistas sociais observaram uma queda gradativa nos níveis de satisfação em relação à vida nos últimos 25 anos.
A maioria dos entrevistados, 48%, disse que os amigos e familiares são o factor mais importante para a sua felicidade. Em segundo lugar, ficou a saúde, com 24%. O estado civil também parece ser um factor determinante na percepção de felicidade das pessoas, com os casados aparentemente mais satisfeitos. Cerca de metade dos entrevistados que eram casados disseram ser "muito felizes" enquanto apenas um quarto dos solteiros ou separados se considera assim.
Os entrevistadores também perguntaram às pessoas se o principal objectivo dos governos deveria ser tornar o país mais feliz ou mais rico e a resposta foi esmagadora: 81% disseram que a felicidade deveria ser a meta, contra 13% que disseram ser mais importante privilegiar a riqueza.
Em relação ao papel das escolas, 52% concordaram com a proposição de que mais ênfase deveria ser colocada em ensinar os alunos a ter uma vida feliz e não em educá-los para o ambiente de trabalho. Outros 43% discordaram.
Quando pediram aos entrevistados para avaliar se a vizinhança onde moravam era mais ou menos "amigável" do que dez anos atrás, 43% disseram que as pessoas a seu redor eram menos amigáveis; apenas 22% afirmaram estar cercadas de pessoas mais amigáveis.
terça-feira, junho 20, 2006
Os Bispos portugueses continuam reunidos em Fátima, nas Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa, que este ano propõem uma descoberta das novas tecnologias. A iniciativas, que reúne ainda outros representantes das Dioceses do país, é dedicada ao tema «Deus na “rede”: formas do religioso na Internet».
A relação entre as novas tecnologias e a evangelização, o impacto global da Internet, experiências de formação e acompanhamento espiritual através dos novos suportes tecnológicos, a profusão do religioso no espaço virtual e a comunidade eclesial em Portugal são alguns dos assuntos em destaque.
O director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, Pe. António Rego, explica à Agência ECCLESIA que os Bispos têm visto demonstrações das novas tecnologias, com dispositivos multimédia, e foram ontem guiados, por exemplo, numa visita virtual ao Estado da Cidade do Vaticano.
“A ideia foi expor um conceito alargado e mais moderno de Media, hoje, que tem a ver com as novas tecnologias”, assinala.
D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, que coordena os trabalhos, referiu ontem que a Internet deve ser encarada pelos católicos com "juízo crítico" mas como "algo benéfico" para a sociedade de hoje.
Na apresentação que fez aos membros da CEP, o Pe. António Rego lembrou que vivemos numa sociedade marcada pela “omnipresença dos Media”, que exige de qualquer presença da Igreja uma permanente actualização de conteúdos.
CD, DVD, Site, RSS, Podcast, Blogue, mail, motor de busca, SMS, Plasma, Mupies, outdoors, satélites, GPS, Fotos do telemóvel ou nova geração são algumas das realidades com que os Bispos portugueses se irão familiarizar até ao próximo dia 22.
De ECCLESIA
terça-feira, junho 13, 2006
O controlo do Estado
Está a ser muito citado, e com razão, um texto do escritor espanhol Javier Marías:
(Javier Marías, no El Pais, de 8 de Janeiro passado.)
quinta-feira, junho 01, 2006
Dia Mundial da Criança
Leio num jornal da região – o Jornal de Leiria – um extenso artigo intitulado «Os pequenos tiranos». Chama a atenção para a inversão de papéis que alguns pais aceitam no dia-a-dia, na sua relação com os filhos. E depois sofrem as consequências. «Essas crianças têm pais super-protectores. Normalmente são inteligentes e, a determinada altura, procuram testar os adultos para estabelecer os seus limites". A falta do "não" no dia-a-dia das crianças ajuda-os a formar a sua personalidade tirana. Segundo o pediatra Bilhota Xavier, os pais que não sabem dizer não "não são amigos dos filhos".
Outras vezes os pais não estão para se aborrecer. Fazem todas as vontades aos filhos ou deixam-nos ao Deus-dará com consequências nefastas para o seu comportamento.
Depois ainda são capazes de acusar os professores ou outros educadores quando as coisas correm mal.
A reportagem que há dias foi mostrada numa escola dos arrabaldes de Lisboa veio pôr-nos diante dos olhos a incapacidade dos professores exercerem a sua missão. Pode vir a senhora Ministra dizer que a culpa da indisciplina e maus resultados das escolas é dos professores. Eles têm as costas largas. Mas os verdadeiros culpados são muitas famílias e as más políticas de sucessivos Ministérios ditos da Educação.
A investigação psicossocial tem demonstrado que os três primeiros anos de vida são essenciais para o desenvolvimento da personalidade e que uma relação precoce fiável, com figuras adultas seguras e estáveis, é o primeiro passo para assegurar um futuro sem dificuldades. «Em países sem uma política coerente e integrada, como Portugal, é natural que surjam, com mais frequência do que noutros locais, problemas ligados à criança e à família. Se não formos capazes de, precocemente, proteger e ajudar a crescer as crianças, não seremos capazes de ter escolas a funcionar, por mais formação que dermos aos professores; continuaremos a ter os tribunais de crianças e jovens a abarrotar de processos de difícil resolução; e os serviços de saúde continuarão a ter mais casos de mau prognóstico, afinal susceptíveis de terem sido prevenidos». Palavras sensatas escritas pelo Dr. Daniel Sampaio, um pediatra de grande pestígio.